Uma palhaçada optimista
No país parado existem vários circos. Estamos, aliás, numa fase em que há mais feira do que pão. Um deles tem como cabeça de cartaz o bufão optimista. Malabarista profissional, é um artista com cara de mau, dentes arreganhados, olhar esgazeado, senhor de grandes raivas, que gosta de nos entreter. Conta-nos historietas sobre uma décimas de umas vígulas e umas luzes que brilham na escuridão que todos vêem. O circo a que pertence está falido, mas continua a dar espectáculos. É a dinâmica que resulta da inércia dos outros.
Na minha visita de hoje ao Norte do distrito de Leiria, vi, como em muitos outros sítios, um país mais ou menos em ponto morto, sem actividade, com negócios que são uma sombra do que eram, com muita coisa para vender e poucos para comprar. Até a afluência de emigrantes, que nesta altura do ano enche as aldeias com carros de matrícula estrangeira, faltou à chamada.
Se o circo dos que nos distraem todos os dias por lá passasse teria certamente visto o lado positivo das coisas. Esta tem sido uma região de grande energia humana e, por isso, um abrandamento da economia local permite aos residentes descansar um pouco e ganhar novo fôlego.
De facto, não há nada como uma palhaçada optimista. Só que os palhaços, nos nossos hábitos e tradições, são gente que nos faz rir.