Moçambique, um modelo de desenvolvimento enganador
Começou um segundo dia de distúrbios civis na zona metropolitana de Maputo. O governo aposta numa presença maciça das forcas de segurança nas principais artérias, como meio de resolução da crise mais imediata, a da ordem pública.
Para além da intervenção de ontem ao fim da tarde do Presidente Guebuza, ninguém mais pareceu a falar em público e a tentar apaziguar os ânimos. As elites políticas, intelectuais e religiosas estão fechadas em casa, sem voz nem entendimento do seu papel numa situação social como a presente.
Como referi ontem, o país precisa de mudar de modelo de desenvolvimento. Precisa de equacionar, como muitos outros em África, a questão da urbanização rápida, que está a transferir a pobreza dos campos para as grandes cidades. Necessita, igualmente, de reflectir sobre a modernização do sector agrícola, sobretudo no que respeita à produção de bens alimentares de consumo corrente. Não se compreende que Moçambique importe o que come, do país vizinho, quando tem um potencial agrícola enorme. É altura de passar aos investimentos na agricultura comercial. Sem preconceitos ideológicos. Essa é também uma das maneiras de evitar o êxodo rural.