As ambiguidades de Hamid Karzai
O Presidente Hamid Karzai foi agora obrigado a dizer que sim, depois das revelações feitas durante o fim-de-semana pelo New York Times. Que, de facto, havia recebido um saco com vários milhões de dólares, pelo menos seis, oferta do vizinho e pouco recomendável presidente do Irão. Mais. Que isso já havia acontecido no passado recente e que esses dinheiros são utilizados para as despesas políticas da presidência afegã, sobretudo, para recompensar a lealdade de certos apoiantes de má reputação mas com grande força interna.
Curiosamente, estes factos tornaram-se públicos na mesma altura em que a Transparência Internacional divulga a sua lista anual de Estados corruptos. O Afeganistão pertence ao grupo dos cinco com pior conduta.
Outra curiosidade. Enquanto as relações entre os líderes do Afeganistão e do Irão se vão reforçando, e os sacos de plástico fazem a ponte entre Teerão e Cabul, nota-se que Hamid Karzai está cada vez mais agressivo em relação aos seus supostos aliados de guerra, a NATO e os EUA. Critica, repetidamente, as forcas ocidentais, que se batem no terreno e perdem homens. Está, objectivamente, a tornar a relação com o Ocidente mais tensa e mais difícil.
Que fazer, com um parceiro deste tipo? Que posição deve assumir a coligação de países ocidentais? Esta é, mais do que nunca, uma pergunta de grande actualidade. E de grande complexidade.