A greve e o geral
A greve geral de amanhã tem lugar no momento em que a crise na Irlanda chama a atenção internacional para Portugal e Espanha. É uma daquelas coincidências que mais valia não terem acontecido. Saber que Portugal precisa de produzir e ver o país parado, em revolta profunda, não deve ajudar muito os que, por esse mundo fora, estariam dispostos a investir algum capital nestas bandas.
Por outro lado, certas empresas, já em grandes dificuldades, vão perder mais uns cobres com a paralisação. No caso da TAP, dizem-nos que a acção laboral vai trazer um prejuízo de 4 milhões. Não sei se este número não estará exagerado. Mas, que a greve vai agravar o défice da transportadora aérea, não tenho dúvidas. E depois, quem tapa mais este buraco? Os contribuintes, claro.
Compreendo, sem qualquer tipo de ambivalência, o mal-estar e descontentamento dos cidadãos. A crise da economia portuguesa e das finanças públicas empobrece, nalguns casos, de modo drástico, uma população já pobre à partida. Sempre me considerei do lado dos que trabalham e dos que lutam contra a pobreza. A minha história de vida assim o mostra.
Mas, a greve geral, serve para quê, exactamente? Cerca de 80% dos inquiridos por um jornal diário - o Público - pensa que a greve não vai contribuir para a melhoria das condições de vida dos portugueses. É verdade que não se trata de um inquérito científico. Mas, dá um resultado curioso.