Enquanto a Europa anda de olhos fechados
O Paquistão, e outros, como o Irão, Sudão, Rússia, Cazaquistão, Colômbia, Tunísia, Arábia Saudita, Sérvia, Iraque, Vietname, Afeganistão, Filipinas, Egipto, Ucrânia, Cuba, Marrocos e o Presidente Ramos Horta juntaram-se à China e não vão estar na cerimónia de entrega do Prémio Nobel da Paz deste ano. Atribuído a Liu Xiaobo, que também não vai poder estar presente, que as portas da sua cela de prisão continuam fechadas, nem estará ninguém da sua família, por decisão do governo chinês, o prémio tem suscitado a ira de Beijing. A cadeira do laureado ficará vazia, o que terá um valor simbólico enorme.
Entretanto, a China resolveu lançar um prémio alternativo, o Confúcio dos Direitos do Homem. Embora o anúncio do vencedor esteja marcado para amanhã, na véspera da cerimónia do Nobel, não se percebe bem qual é a posição dos líderes chineses em relação a este prémio. Será apenas uma iniciativa desgarrada do ministério da Cultura e de um grupo de nacionalistas com os nervos à flor da pele?
Não há dúvida que existe na China, e não apenas ao nível da classe dirigente, uma forte corrente de opinião contra a comunidade internacional, e em particular, contra o Ocidente. Pouco se fala disso, mas é um facto. Muitos chineses pensam que os estrangeiros não respeitam a China como deveria ser. Este sentimento tem feito crescer um nacionalismo doentio e tem servido bem os interesses dos militares. A expansão das forças armadas está a ser feita a olhos vistos e sem que haja qualquer voz que se interrogue sobre o assunto. Nem dentro, nem fora das fronteiras da China, com excepção do Japão.
Quando se trata do país mais populoso do mundo, que promove os seus interesses estratégicos através do mundo, sem dar tréguas, com muita energia e grande insistência, convém que a Europa não ande com os olhos fechados.
Quem vai poder explicar isso à Baronesa e aos outros senhores dos salões quentes e das falas mansas, que circulam por Bruxelas?