Reflectir sobre a crise...
O colapso dos sistemas financeiros arrasta consigo uma recessão económica de larga escala, que leva inevitavelmente a uma crise social profunda e generalizada. No fim da linha, quem sofre são os que menos contribuíram para a crise, mas que não têm outro recurso, outro meio de sobrevivência, que vender a sua capacidade de fazer coisas, de trabalhar. Numa altura em que as oportunidades de emprego são cada vez mais escassas, perder o emprego e' entrar no desespero...
Os encadeamentos das crises são os anéis da espiral descendente, que tudo arrasta, num ciclo de contracção e perdas agravado.
A questão é de saber se trata de um processo de crise conjuntural, e, por isso, ultrapassável a prazo, ou estrutural, exigindo assim alterações de raiz no edifício económico internacional.
Independentemente da resposta que se der – e cada vez mais uma resposta é necessária, para permitir uma melhor compreensão das medidas que se impõem --, estamos perante tempos de grande indefinição, mesmo de confusão, em termos da opinião pública, que requerem decisões claras, simples de entender e com a credibilidade necessária para restabelecer a confiança nos sistemas financeiros e na economia, em geral.
Sem bancos credíveis não há economia moderna. Sem uma economia moderna, uma parte significativa dos trabalhadores fica excluída do mercado do emprego.
Os perigos para os trabalhadores e para as famílias portuguesas também necessitam de ser objecto de uma reflexão profunda, para que se tomem as medidas adequadas.
Não e' apenas uma questão de liquidez do sistema bancário. Os alicerces profundos que dão vida às relações económicas e sociais foram seriamente abalados e precisam de ser repensados.
Sem confiança nos outros e no sistema não ha' sociedade que funcione.