O vidente
Na escrita de ontem, discorri sobre o optimismo. Acrescentando, logo, que tem que ser temperado com as incertezas que nos rodeiam. O que deverá conduzir a um voluntarismo realista, uma vontade de mudar as coisas, mas com uma boa dose de realismo. Sem ilusões, mas com a energia necessária para abrir novas possibilidades. Sem baixar os braços, mas sabendo que só com muito trabalho e muita inovação se consegue ultrapassar a crise.
O que não é aconselhável, não passa bem nem pode ser aceite, é o optimismo matreiro de quem nos tenta levar à certa. Como aquele senhor, que ontem nos dizia que há sinais encorajadores no horizonte, que 2011 vai ser um ano de viragem, para Portugal. A não ser que o tal senhor veja coisas na bola de cristal, que nós, simples mortais, gente de capacidades limitadas, não possuímos nem conseguimos enxergar.
Tratar-se-ia, nesse caso, de um vidente.
Mas quem acredita, nos tempos que correm, nas previsões dos videntes? Mesmo, quando bem embaladas, num salão palaciano e ao canto do fogo que não se acende?