A retórica de Tordesilhas
O Presidente dos EUA e o Primeiro-ministro do Reino Unido falaram, hoje, da relação privilegiada entre ambos os países. Classificaram-na de essencial.
Mencionaram as operações em que ambas as forças armadas cooperam, no Afeganistão, na Líbia e nos mares da Somália, contra a pirataria. Curiosamente, o Iraque não foi mencionado. Já saiu, a bem ou a mal, da lista das prioridades militares.
Referiram-se à cooperação diplomática e na área da inteligência e das informações de segurança. No combate ao terrorismo. O Sudão e o conflito israelo-palestiniano mereceram um lugar de destaque. O mesmo aconteceu com as transições democráticas no mundo árabe.
Não podiam deixar de discutir a situação económica. Nos seus países e de um modo mais lato. Da necessidade de criar empregos. De promover o investimento recíproco. De fazer avançar a investigação científica e tecnológica.
A Líbia foi o grande tema. A campanha militar da NATO arrasta-se. Tem custos elevados. E uma legitimidade tenue, que precisa de ser lembrada a cada passo. Sem contar no impasse político que é cada vez mais evidente.
A relação entre Washington e Londres pode ser, na verdade, essencial. Mas talvez se tenham esquecido que não é suficiente. Precisa de uma aliança mais ampla. Como também precisa de um ou dois casos de sucesso, para que se torne mais real e menos retórica.