Uma resposta estratégica à questão da segurança
O que o Presidente da República declarou ontem, em Odemira, quando falava da questão muito séria do aumento da criminalidade violenta, é que falta uma estratégia adequada, capaz de responder aos novos contornos que o problema da insegurança apresenta hoje em Portugal.
Que o Presidente tenha que o dizer, em vez do governo, que tem a responsabilidade executiva na matéria, é um facto político de monta. Significa, fundamentalmente, que o Governo passou a ser apenas uma administração a reboque, que reage tardiamente em vez de prevenir. Está a transformar-se, como acontece em muitas partes do mundo, numa administração paralisada pelo medo de cometer erros e perder apoios.
Há que mostrar que a crise tem custos políticos para alguns dos membros do Governo, os directamente ligados à questão da segurança e ordem interna. Sem um gesto significativo, incluindo em termos da responsabilidade ministerial e da necessidade de mostrar que se quer levar, a partir de agora, a questão muito mais a sério, o Governo arrisca-se a perder novos pontos no que respeita à sua imagem de eficiência. Uma imagem que está cada vez mais em riscos de ser alienada.