Cimeira: as primeiras notas
A cimeira da UE transformou uma boa parte da dívida grega em dívida a longo prazo e outra, em dívida perpétua. Sem contar que haverá igualmente uma insolvência parcial, a primeira no mundo Ocidental, desde o fim da Segunda Grande Guerra.
São medidas importantes. Não reconhecem, no entanto, que sem um investimento maciço na economia do país e sem mudanças profundas na política económica, a começar pela privatização do que pode ser privatizado e a abertura à concorrência de certas actividades até agora protegidas por medidas legislativas arcaicas e corporativistas, a Grécia não conseguirá sair do processo declínio em que hoje se encontra.
Entretanto, a influência de Angela Merkel saiu reforçada. Como van Rompuy viu as suas atribuições serem ampliadas.
Portugal e a Irlanda vão beneficiar por tabela, com juros mais baixos, equivalentes aos da Grécia e com prazos de reembolso mais alargados. Mas não convém esquecer que uma extensão do período de reembolso significa, também, um alargamento do prazo durante o qual a política económica de ambos os países vai estar sob a supervisão apertada do FMI e da UE.
Finalmente, numa nota mais leve, diz-se que anda em Bruxelas, nos corredores do poder, um fantasma pesado e quase invisível. Quando aparece, por se vestir de presunção, desempenha um papel patético.