Da Grécia à Madeira
A semana que se avizinha vai revelar, infelizmente, que a Europa não está pronta para o segundo pacote grego. O dinheiro não será desbloqueado. Mostrará, infelizmente também, que a Grécia não quer reconhecer que vive num beco sem saída.
O que sempre fora evidente vai agora entrar-nos pelos olhos dentro: a Grécia não reune as condições políticas necessárias para levar a cabo as reformas que lhe são exigidas - e que são indispensáveis, tendo em conta o ponto a que a situação chegou. E a UE também não tem as condições políticas para executar o que prometera fazer a 21 de Julho.
Estamos nas vésperas de um choque entre duas placas telúricas profundas que vão alterar profundamente a paisagem política e financeira da Europa. A Grécia não tem mais opções: quer o faça quer não, a miséria generalizada do seu povo é inevitável. Só que, se o fizer, se cumprir o programa, ficará no Euro, e talvez consiga, num horizonte distante, voltar a recuperar economicamente. A UE ainda tem uma opção: chegar a um acordo, nos próximos dias, e dar mais um balão de oxigénio ao povo grego. Não creio que isso venha a acontecer. Até por que muitos se interrogam sobre a utilidade desse balão.
Portugal tem que aprender com a experiência dos outros. Claramente, a lição vinda da Grécia é que ninguém ajuda ninguém, a não ser que nos ajudemos a nós próprios primeiro. Convém ter isso presente. E não deixar que o caso da Madeira, por exemplo, ponha em dúvida a nossa determinação em sairmos do buraco. Um tratamento exemplar das irregularidades do governo regional é, agora, uma componente essencial da nossa salvação nacional.
Temos que levar estas coisas a sério.
Vamos observar a classe política que nos dirige.