Vamos no sentido errado
Continua a haver pouca serenidade no debate público sobre o Orçamento 2012. É, para mim, uma grande preocupação, num momento em que Portugal está sem dinheiro. O que é dito é inflamatório, está a aumentar a confusão junto das pessoas e vai levar ao caos social. E, igualmente, à deterioração da credibilidade externa do nosso país. Ou seja, torná-lo num país a evitar.
O governo continua a perder terreno, na frente de batalha da informação pública, sem conseguir explicar o que deveria ser simples de explicar: neste momento, Portugal não pode passar sem o financiamento exterior do Estado. E essas verbas não se tornarão disponíveis se o programa de estabilização não for aplicado, com resultados tangíveis.
A oposicao, em vez de preparar propostas alternativas, apenas faz ruído.
O Presidente da República veio agora aumentar o volume desse ruído, com declarações ambíguas e difíceis de entender. Qual será o seu objectivo? Quando uma empresa do sector privado não consegue pagar os salários, deve-se obrigar todas as empresas do sector a proceder da mesma maneira?
Entretanto as centrais sindicais convocaram uma greve geral para 24 de Novembro. Têm todo o direito de o fazer. Mas será essa a melhor resposta, numa altura de falência como a actual? O responsável de uma dessas centrais falou dos "agiotas internacionais". Estaria a referir-se ao BCE, à CE e ao FMI?