Contrastes
Vivemos cada vez mais em sociedades a duas velocidades. A desigualdade já não é como outrora, em que em alguns, poucos, tinham muito, controlavam quase tudo, e a maioria não tinha nada. Hoje a desigualdade é mais subtil. Continua a existir uma camada de gente muito rica --a Forbes define esse grupo como sendo os que têm um património acima dos 100 milhões de dólares. Mas, para além desses, há uma camada social que vive desafogada, com salários e rendimentos muito acima da média. São, em geral, os que trabalham nos sectores da economia mais avançados, mais modernos e de maior valor acrescentado. São, na maioria dos casos, pessoas com um nível de educação académica elevado, virado para a inovação, para a criação de novos produtos e de novas ideias. Ao lado, vivem os que não conseguem sair das profissões de pouco valor acrescentado, de empregos que requerem qualificações mais genéricas ou pouca qualificação. Em ambos os casos, nota-se que as pessoas continuam prisioneiras das suas origens sociais. Quem vem de baixo, fica em geral em baixo. Há menos mobilidade do que se pensa.
Uma cidade como Bruxelas mostra claramente onde vive quem está num grupo ou no outro. A geografia social da capital da Europa é muito clara. Quem reside na zona de Anderlecht, por exemplo, tem pouco que ver com quem vive no bairro de Woluwe Saint-Pierre. Nas zonas ocidentais da cidade - Anderlecht é um exemplo - encontramos as pessoas que têm um poder de compra menor. Algumas delas, estão no limiar da pobreza. Do lado leste da cidade - Woluwe Saint-Pierre, por exemplo -, ou a sul, vivem as famílias com rendimentos mais elevados. Nesta parte de Bruxelas, as vivendas e os apartamentos mais caros são vendidos num ápice.
Na periferia da cidade, temos uma situação muito diferente da que se verifica em Portugal. As terras da periferia são, em geral, zonas de habitat recente, com vivendas modernas. Quem aí vive tem um rendimento familiar elevado, por vezes mesmo superior à média dos rendimentos nos bairros mais ricos da cidade.
A grande preocupação dos dirigentes com senso tem que continuar a ser a da igualdade de oportunidades. Apesar de tudo...