Funcionários
Ao fazer o meu exercício do costume no parque aqui ao lado, esbarrei - sem preocupações, falo em sentido figurado - novamente com uma das equipas de jardinagem. Sete homens grandes, vestidos a rigor, todos naquele uniforme laranja fluorescente que não os deixa passar despercebidos, dois carrinhos de mão, três ou quatro ferramentas, novas e limpas, a dar a volta pelos caminhos da verdura. Conversavam animadamente, o habitual, e por ali andavam. É assim o quotidiano no Parque Josaphat, em Bruxelas.
Não quero acrescentar que à volta do parque andam, e também um pouco por toda a parte, em grupos de três, uns agentes de segurança pública, homens e mulheres que caminham pelas ruas, com um uniforme especial, sem nenhum outro equipamento, para ver se está tudo em ordem. Nem lembraria que a estes se deve juntar os vigilantes de estacionamento, também eles a percorrer todas as ruas, numa caça sem defeso à multa (que vai de 17 a 25 euros, segundo as zonas, sendo possível ser multado várias vezes pelo mesmo estacionamento, uma multa por cada vez que os vigilantes por ali passarem). É que nas ruas, ou se paga, ou se tem o papel da licença de morador, ou um disco azul.
Todo este pessoal é pago pela tabela do salário mínimo. São, em geral, pessoas que estavam nas listas do desemprego. Estão, agora, ocupadas.
Mas quanto tempo pode uma economia, que tem que confrontar a globalização, aguentar este tipo de soluções?
Pensei nas câmaras municipais de Portugal. Dizem-me que em Évora, por exemplo, há tantos funcionários camarários por metro quadrado - 1 por cada 85 habitantes, crianças incluídas - que os chefes de serviços passam uma parte do tempo a tentar inventar trabalho para lhes dar. Évora será apenas um exemplo. O resto dos municípios portugueses vive a mesma experiência.
Voltando a Évora, se aos funcionários camarários forem acrescentados os funcionários públicos da administração central e os da Universidade, que panorama se obtém?
Que economias são estas?