Pescarias
O almoço de hoje: uma espécie de paté de peixe, com forma de hambúrguer, passado a correr na frigideira.
O pessoal português que estava comigo à mesa disse que era um puré de matéria indefinida com sabor e cheiro a peixe sem nome. Ainda tentei explicar que talvez se tratasse de uns filetes de um pescado, nome desconhecido, que abunda no fiorde que nos refresca a vista, a dois passos da cantina, mas ninguém se deixou convencer...
Eu comi o meu. Mas eles não conseguiram. Estão mal habituados. Ainda vêm de uma época em que o peixe era fresco, tinha cabeça, rabo e espinhas.
Lembrei-me então de que umas horas antes, um outro colega, habitante da Nova Escócia, no Canadá do bacalhau, me havia dito que na baía à frente da sua casa, há trinta anos, bastava remar um pouco, deitar a rede à água e puxar peixe dos grandes. Hoje, é preciso ir longe. Com sorte, haverá um ou outro bacalhau na rede, com um quarto do tamanho dos de outrora.
Tudo isto me faz pensar que as políticas de pesca têm sido uns verdadeiros desastres, na Europa e noutras partes do mundo.