Deixar a Grécia seguir o seu caminho
Os eleitores gregos disseram de sua justiça. Ao votarem na proporção de mais ou menos 7 em cada 10 por partidos que se opõem ao acordo com o FMI, o BCE e a Comissão Europeia, a escolha feita é clara: preferem uma solução diferente, exterior ao programa em vigor. Não querem mais austeridade, uma situação a que não estão habituados, apesar das fraquezas estruturais da economia e da organização deficiente e absurda do estado. Como tal via não é possível no quadro do euro, creio que é tempo de dizer, com clareza, ao povo grego, que terão que procurar soluções fora desse quadro. Fora do euro.
A saída da Grécia do euro não é o fim do mundo, nem para os seus cidadãos nem para o resto da Europa. Será muito difícil de gerir, para os gregos, e relativamente fácil de gerir, nesta fase, para os outros.
Seria, aliás, a manutenção da Grécia no euro que poderia acarretar um conjunto adicional de consequências negativas para os outros membros da zona monetária. Uma zona monetária com um pais em situação crónica de falência financeira, económica e institucional, e que não está de acordo com as propostas que os outros estão dispostos a aceitar, não pode hesitar eternamente. Precisa de por a casa em ordem.
Há quem diga que a possível saída da Grécia do euro deixaria Portugal mais exposto às pressões internacionais. Não creio que assim aconteça, se o nosso país continuar a aplicar o programa com seriedade. Portugal precisa, em simultâneo, de executar o acordo com a troika e de promover o investimento nos sectores da economia em que possamos ser mais competitivos. Ou seja, é altura de formular, a sério, um plano integrado de desenvolvimento económico e social acelerado.