Pensar alternativo
Como compreender que num Estado de Direito os governantes não possam aparecer em público sem ser enxovalhados? Que se tenha chegado ao ponto, como acontecerá amanhã, que uma cerimónia nacional e popular tenha que ter lugar num recinto fechado, por causa de dúzia e meia de pessoas que acham que a democracia, neste canto do mundo, dá direito a berros e assobios em cerimónias oficiais e à falta de respeito pelas manifestações formais da representação do Estado?
Uma coisa é não estar de acordo com as decisões políticas. Outra, é tratar os titulares do Estado, com os quais se pode estar em total desacordo, com comportamentos incivis.
O Estado de Direito exige que se respeite cada cidadão, que se reconheça o simbolismo formal das instituições, e que se proceda ao debate politico segundo as regras da representatividade, da participação popular dentro da lei, da ordem pública e do civismo.
Não se pense que o que está a acontecer é porque estamos numa situação pré-revolucionária. Não estamos. O que nos espera, se continuarmos assim, é o caos cívico e o que vem em seguida.