Todo o cuidado é pouco
Continuo a acreditar que é um erro culpar os outros, o estrangeiro, pelas nossas fraquezas. No final do século XX e no começo deste milénio, o que fizemos foi feito por vontade ou aceitação - ou cegueira - nossa. Quando um povo não quer, ninguém de fora o consegue impor. Essa era a nossa situação na altura.
Agora é diferente. Estamos financeiramente dependentes dos empréstimos que nos fazem. Ora, cada euro emprestado tem as suas condições. Que aceitámos, ao assinar o acordo internacional que é o pacto com a Troika. E sabemos que um acordo internacional tem obrigações que se sobrepõem às leis nacionais, sempre o aprendi assim. Está, juridicamente, noutro patamar.
Se achamos que as obrigações do acordo com a Troika não nos convêm, e considerando como excluída a possibilidade da renegociação, que a outra parte diz estar fora de causa, resta-nos a hipótese de denunciar esse acordo e prescindir dos dinheiros vindos de fora a juros inferiores aos dos mercados de capitais.
Só que romper o acordo terá custos sociais muito elevados. A independência nacional, quando a economia é fraca, fica muito cara. Há, por isso, que debater estas questões com muito cuidado.