Contra as capelinhas
Fiz uma intervenção no seminário da PSP sobre os Desafios da Segurança em Portugal. Procurei explicar o meu ponto de vista, tendo em conta a experiência de outros países europeus e as novas tendências em matéria de Segurança Nacional. A minha responsabilidade era a de apresentar um conjunto de ideias que não fossem uma mera repetição do pensamento dominante em Portugal sobre as relações entre Defesa e Segurança bem como sobre o futuro das polícias nacionais.
Como não represento nenhum interesse institucional nesta área, a minha tarefa era mais fácil. Mas há sempre quem pense que se digo isto ou aquilo é porque sou a favor de A contra B. Não será assim, no meu caso. No entanto, como essa é a prática corrente, os meus críticos pensam que eu sou como eles.
Ora, o que é preciso é proceder a uma análise serena das questões e escolher o que possa parecer a melhor opção em termos de custo - eficiência e de respeito pela legalidade constitucional. Quanto à execução dessa opção a melhor maneira é proceder a uma transição gradual da situação actual para uma nova situação, seguindo um calendário temporal razoável.
O que não se pode aceitar é a posição de que o que temos está bem e não deve ser mudado. Seria não reconhecer que as ameaças de hoje são muito diferentes das que existiam quando o sistema actual foi criado. Seria, igualmente, esquecer que o principal traço da arquitectura interna de segurança no Portugal de hoje se define por uma pluralidade de forças e serviços que ficam caros sem ganhar em eficiência. Ou seja, é uma arquitectura de capelinhas.