Maiorias e incertezas
Compreendo perfeitamente que o Secretário-geral do Partido Socialista faça, no encerramento do Congresso de hoje, um apelo ao voto e a uma maioria absoluta. Assim deve pensar e agir o líder de um partido com ambições – e possibilidades – de governação. Deve ambicionar e lutar pela obtenção de uma maioria parlamentar que lhe permita exercer o poder com alguma estabilidade.
O que não compreendo são outras coisas.
Uma delas, tendo em conta as medidas impopulares que o governo actual tem estado a seguir, diz respeito aos resultados das sondagens. Quais serão os motivos que explicam os mais ou menos, e apenas 33%, de intenções de voto no PS? Parece pouco, nas circunstâncias em que vivemos. Estamos certamente longe da maioria absoluta.
Outra terá que ver com as alianças “à esquerda” do PS. Vários dirigentes destacados do partido fizeram um apelo nesse sentido. Será que estarão a pensar numa participação dos esgrouviados mentais do Bloco num governo futuro? Ou numa coligação com o PCP? Seria bom que se soubesse antemão.
Também não se compreende os ataques sistemáticos ao Presidente da República, quando o adversário a isolar e a vencer é o governo e os partidos que lhe servem de sustentação. Incluir o PR na lista dos alvos a atacar só serve para dispersar as atenções, dividir os esforços e alienar alguma parte do eleitorado, a que não aceita radicalismos cegos e a política do bota-abaixo sistemático.
E já agora, aquele miúdo que utilizou o verbo “endoidar”, representa quem, dentro do partido? Um futuro partido de governo não se pode deixar “endoidar” por rapazolas. Sobretudo, num 25 de Abril.