A classe média
Anda por aí uma assanhada discussão sobre a classe média. No essencial, tudo parece girar à volta dos ataques que o governo estaria a fazer contra essa classe. Daí resultaria um definhamento acelerado da classe média portuguesa.
Não há, todavia, acordo sobre os parâmetros que definiriam a classe média. Nem sobre o nome que se deve dar à classe abaixo da classe média: classe trabalhadora ou proletariado – este termo caiu em desuso?
O que parece indiscutível é que o empobrecimento da população portuguesa chegou agora àqueles que estavam habituados a uma vida com certas folgas e que não eram atingidos pela precariedade do emprego e dos rendimentos. Eram essas as duas características que os levavam a pensar que pertenciam à classe média. Ou seja, a crise fê-los descobrir aquilo que muitos outros cidadãos, os pobres e os sem-recursos, já sabiam de há muito. Tem sido um choque tremendo.
A experiência diz-nos que quando os que se consideram “classe média” se vêem em risco de pobreza tudo pode acontecer. É que para muita gente da classe média, a pobreza só pode ser aceite quando são os pobres, os debaixo, a experimentá-la.