Canhões pouco diplomáticos
Gente que vive no fingimento dos salões nobres chama-lhe “diplomacia coerciva”. Você e eu usamos uma expressão mais clara: é a “diplomacia do canhão”. Quando o meu é maior e mais potente do que o do meu vizinho, ameaço-o ou mando-lhe mesmo uns balázios. Espero, depois, que ele se conforme à minha maneira de ver as coisas.
É, ao fim e ao cabo, uma “diplomacia” perigosa. O meu tiro pode cair no alvo errado. Ou pode levar o meu vizinho a adoptar outros truques, o que me obrigará, passada a surpresa, a mandar-lhe mais uma chuva de balázios e assim sucessivamente, arrastando-me muito para além do que eu pensava fazer.
Assim, chego à conclusão que a “diplomacia do canhão” só é eficaz se for usada com toda a força, logo nas primeiras horas, de modo a dar um golpe fatal ao meu vizinho. Mas, nessa altura, já não será “diplomacia”. Terei que lhe chamar “guerra”, para evitar que outros lhe chamem “agressão”.