A "inteligência" e as missões de paz
Kidal, uma aglomeração que é uma das capitais regionais do norte do Mali, não muito longe da fronteira com a Argélia, é uma terra do fim do mundo. Situada no meio de centenas e centenas de quilómetros de deserto – o Saara em todo o seu esplendor e com toda a sua força – a localidade é uma praça-forte da rebelião Tuaregue. Os guerrilheiros do movimento independentista – Movimento Nacional para a Libertação de Azawad – têm uma base militar na cidade, onde aguardam que o processo de paz decida que destino lhes será dado. A umas centenas de metros dessa base temos o aquartelamento das tropas especiais francesas, que fazem parte da operação Serval. E mais à frente, o campo militar das Nações Unidas. As tropas regulares do Mali também deambulam pela cidade.
É um sítio perigoso. Sempre o foi. Hoje, apesar dos diferentes contingentes, foi palco de mais um acto terrorista gratuito. Dois jornalistas franceses, um homem e uma mulher, foram raptados à porta de um notável local e friamente assassinados uns quilómetros mais à frente. A mensagem dos assassinos é simples: não pensem que estamos vencidos!
Mas acabarão por o ser. Para isso, é fundamental que a dimensão “inteligência” da missão de paz funcione adequadamente. Que existam especialistas, militares e policiais, que cooperem e que saibam recolher e tratar as informações. É para este tipo de situações que o trabalho de “inteligência” deve estar virado. Não para espiar os cidadãos e os líderes de países amigos.