A burocracia portuguesa
Mão amiga fez-me chegar um folheto informativo sobre as alterações ao Código da Estrada em Portugal.
Mas a vida tem coincidências que não dão para entender.
Nesse mesmo dia, eu recebera das autoridades da autarquia local onde resido, a comuna de Schaerbeek em Bruxelas, a carta de condução belga e uma licença internacional também de condução. Demoraram cinco dias para emitir ambos os documentos, sem que fosse necessário preencher qualquer formulário – o funcionário autárquico limitou-se a marcar umas cruzes num impresso pré-preenchido – nem algum exame médico. Foi-me apenas pedida a carta portuguesa, uma fotografia para a licença internacional e 46 euros. Tempo de espera para ser atendido, de ambas as vezes: um minuto. Mais. A carta belga é válida por dez anos, apesar da idade avançada que a minha cara mostra.
Depois, comparei tudo isto aos procedimentos burocráticos portugueses, em que a renovação da carta é uma espécie de passagem pelo inferno. E agora, até quem atinge a idade madura dos 30 anos terá que passar por uma bicha, pagar uma taxa e levar um papel novo, que chegará quando chegar.
Sem esquecer que agora é preciso andar com o cartão de contribuinte junto à carta, a não ser que já se tenha o cartão de cidadão. Deve ser para ver se pedimos factura quando dissemos meia dúzia de palavrões contra a burocracia que emperra os serviços públicos portugueses.