Acreditar em nós
Quem anuncia um mundo novo, que começará dentro de cinco ou seis meses, logo que o actual programa com a Troika terminar, está certamente a gozar com o pessoal. Ou então, tem vistas curtas e ignorância em demasia.
Por outro lado, os que dizem que vamos ter um regime de austeridade por mais quinze ou vinte anos – há quem afirme coisas dessas – não tem em conta as potencialidades que existem nem a capacidade de fazer coisas e de encontrar soluções inovadoras. É gente com uma visão fatalista do futuro, que pensa que o amanhã é apenas uma mera projecção do passado e do presente.
O fim da austeridade está, acima de tudo, nas mãos de todos nós. O Portugal que teremos amanhã será o país que a nossa iniciativa, diligência e sabedoria terão construído. Passará, é verdade, por uma melhoria bem marcada da classe política. Não o nego. É mesmo indispensável. Mas resultará sobretudo da nossa vontade de fazer coisas, de encarar o futuro com vontade de vencer, da nossa habilidade e vontade de arriscar e apostar em coisas novas – a “mentalidade de funcionário”, que hoje define a maneira de ser de muitos de nós, não é suficiente para nos tirar do subdesenvolvimento.
Estas são as verdades que temos que colocar em frente do nosso espelho. Já o velho Sócrates, na Atenas Antiga, dizia que a sabedoria passa pela coragem na crítica de nós próprios, sem hesitações nem desculpas.
O resto é conversa de gente que puxa para baixo. Gente que aliás enche todos os dias os jornais e as televisões com asneiras, ressentimentos e amarguras pessoais.