O dinossauro ligeiro
Num país de funcionários públicos, muitos dos empregos na administração do Estado têm mais que ver com assistência social 'as famílias do que com o funcionamento da máquina administrativa.
Não há nada de errado nesta maneira de encarar a função pública, enquanto não existirem alternativas noutros sectores de actividade económica. Só que com o tempo, torna-se necessário ir procedendo 'a reforma da administração, torna'-la mais eficiente e mais capaz de responder aos desafios do mundo moderno. E' aí que a porca torce o rabinho.
Os sindicatos, que por natureza não gostam de mudanças e são sempre muito conservadores, aparecem então como os principais obstáculos 'a modernização. Por isso, e' fundamental manter um diálogo constante com as organizações sindicais. Mas ao mesmo tempo, ter a coragem política para promover a mudança.
No entanto, numa altura de crise como a que agora se avoluma, não e' o momento de falar de reformas. O carácter social de certas situações terá que continuar. Mas não e' de igual maneira a altura de pensar em grandes melhorias salariais para todos os funcionários. Isso significaria um agravamento dos impostos e um roubar aos do sector privado para pagar aos do sector público.
Quando um dirigente sindical dos quadros técnicos vem a público, como hoje aconteceu e com a ligeireza que a quadra natalícia proporciona e que as televisoes inspiram, falar nas medidas previstas no plano anticrise, classificando-as como "lágrimas de crocodilo", estamos perante uma afirmação mais política do que sindical. Ou seja, confundem-se os papéis. O sindicalismo e' para defender os direitos e regalias dos trabalhadores, com base na aspiração que todos temos por uma vida melhor. Não deveria inspirar-se em agendas partidárias. Nem faltar ao respeito dos bichos.
Talvez o senhor tenha uma visão da política tão antiga como a história natural dos crocodilos. O que nos leva ao tempo dos dinossauros.