Brincalhões perigosos
O incidente que ocorreu recentemente na Escola Secundária do Cerco do Porto, e cujo vídeo circulou na internet, imagens que falam por si, com os alunos a apontarem uma pistola de plástico à professora e um deles à mover-se à sua volta, com a pose de um boxista pronto a soquear, não é de modo algum " uma brincadeira de mau gosto ", como foi dito pela Directora Regional de Educação do Norte. Nem os alunos, na casa dos 17 e 18 anos, podem ser considerados, como quem desculpa, " uns miúdos ". Mais, não é por serem de origem social modesta que não devem ser responsabilizados.
É um caso de indisciplina grave e de intimidação e assalto moral e físico. A sociedade portuguesa não pode deixar passar estes casos em branco. Nem o sistema educativo pode tolerar este nível de agressão, um comportamento que hoje começa nas escolas e amanhã estará a ser praticado na vida corrente.
É mais uma vez oportuno levantar a questão muito séria da disciplina e do respeito pela integridade física e moral dos participantes no sistema educativo, quer sejam professores, empregados ou os outros alunos. Queremos um Portugal onde haja respeito por todos.
Quando se tem a idade que estes alunos têm já não se é uma criança, nem se pode brincar com coisas sérias. A impunidade leva ao caos, à insegurança, à falta de um mínimo de civismo. Quem, como eu, andou por esse mundo fora, percebe que fechar os olhos apenas conduz ao desastre social, à acumulação de problemas, que a partir de determinada altura se tornam parte da estrutura da sociedade e, por isso, muito mais difíceis de resolver.
As sanções adequadas, que podem passar por condenação a trabalhos em benefício da comunidade e por um registo provisório na certidão cadastral, têm que ser impostas. É um caso de justiça e também de legalidade democrática.
Quem leva estas coisas com ligeireza, como a directora o fez, é um brincalhão muito perigoso. Que a senhora continue a ser directora regional é outra " brincadeira " que o Ministério deverácorrigir sem tardar.