Crise e Mais Crise
Há um ano, foi assassinada Benazir Bhutto.
Estava na altura no Luxemburgo, para uma reunião sobre questões financeiras, e posso assegurar-vos que os banqueiros sentiram alguns calafrios nesse dia. A morte violenta da Senhora Bhutto foi considerada como uma mau presságio, em termos dos valores bolsistas e da estabilidade internacional. Foi-me então dito que notícias como estas tornavam os mercados, em finais de 2007, muito instáveis e davam uma grande volatilidade aos valores cotados em bolsa. Era como se fosse um sinal de que se estava a entrar numa fase de nervosismo de um novo tipo.
Exactamente um ano depois, temos um reacender da crise no Médio Oriente, com o bombardeamento da faixa de Gaza pelas tropas de Israel. Mais de 225 pessoas pereceram nestes ataques, das quais uma meia dúzia seriam quadros de alguma importância nas estruturas do Hamas. As outras vítimas incluem civis, crianças e funcionários públicos.
Para além do facto de que nenhum estado tem o direito à retaliação, e que isto seja dito de uma maneira bem clara, sem equívocos, nem a acções de guerra preventiva, e sem esquecer as dimensões humanas, os acontecimentos de hoje mostram que se está a entrar numa fase nova de instabilidade no Médio Oriente. O impacto desta tragédia sobre a frágil situação internacional actual será certamente enorme.
Ou seja, temos, um ano depois da morte de Benazir Bhutto, um novo agravamento da crise global, e uma vez mais, um total desrespeito pelos princípios fundamentais do direito internacional. Volta a valer a lei da selva, em que o mais forte tem sempre razão.