Perdidos no deserto
Hoje, foi dia de uma longa viagem do Sul para a capital. Estradas em péssimo estado, uma média de 35 quilómetros à hora, um carro a abarrotar, foi um cansaço grande.
Ao chegar a casa, começou uma outra crise. Duas das nossas viaturas, mais uma escolta militar das tropas do Chade, estavam dadas como mais ou menos perdidas nas dunas, ravinas e areias traiçoeiras do Sahara. Iam ao encontro de 53 camiões vindos de Bengasi, na Líbia, com mantimentos para os campos de refugiados. Deveriam ter encontrado os camiões na fronteira entre a Líbia e o Chade, mas a verdade é que só viram miragens. Ao fim do dia, conseguimos saber mais ou menos em que frio do deserto iriam passar a noite. Ao que parece, já talvez em território líbio, onde não deveriam estar.
As autoridades líbias, com quem me reuni hoje à noite, prometeram tudo fazer para os ajudar a voltar ao Chade. Mas na zona da fronteira há todo um conjunto de grupos armados, rebeldes sudaneses do Movimento Justiça e Igualdade. Vai ser preciso passar por eles.
Não há dúvida que o Domingo vai ser agitado. Quem disse que não há vida nos desertos?