Um mercado de compadres
Muito do pensamento que se produz em Portugal é ligeiro, sem profundidade, sem conteúdo criativo, muitas vezes, um simples jogo de palavras sem nada de novo. O produto assemelha-se mais ao maldizer e à chacota do que a uma tentativa de compreender e explicar a sociedade.
É uma actividade dominada por uma dúzia e meia de senhores, os amigos do costume. Reflecte uma forte dose de preguiça mental e de desonestidade intelectual. Características típicas dos oportunistas, é verdade. Não há pesquisa, nem esforço sério de reflexão. Tudo feito em cima da hora, entre duas corridas ao Euro fácil. É um mero ganha-pão que os editores colocam à disposição desses cavalheiros.
O compadrio explica tudo. Cruzam-se as redes de favores, o toma lá, dá cá. Os jantares e os almoços são as formas mais comuns de consolidar os compadrios. Somos um país pobre e até os favores têm que ser baratos. Modestos. Como a nossa capacidade de pensar coisas novas.
Infelizmente, como o nível de quem consome essa produção de ideias é baixo, o sucesso de cada autor é medido por bitolas medíocres. A mais famosa tem que ver com o número de visitas ao site do texto. Fica-se de boca aberta quando se verifica quem recebe mais cliques.