Até da minha janela se nota que este monumento, emblemático como é, está sujo e pouco cuidado. Ora, todos os que visitam Lisboa são levados a ver esta obra e depois ficam sem perceber que país é este.
Em seguida, atravessam o túnel, para o jardim em frente dos Jerónimos e ficam a perceber melhor. As escadas que conduzem ao túnel e o corredor estão sujos e manchados de porcaria. A única consolação é o cantor ceguinho que aí passa os dias e a quem se daria uma fortuna para que deixasse de cantar. Tem, no entanto, bons pulmões, que a sujidade que o rodeia não é tóxica.
Chegados ao jardim, os nossos visitantes podem constatar que os "jardineiros" que se ocupam de o manter não sabem o que é jardinagem. Mas devem ter umas cunhas boas, o que lhes permitiu arranjar emprego na Câmara de Lisboa, que é, por si mesma, diz-se e fala-se, será verdade?, um porto de abrigo de dirigentes incompetentes, desleixados e sem espírito de missão.
Mais, o lago dos nenúfares parece um tanque velho de uma quinta meio abandonada. Será que as plantas aquáticas precisam de lixo para ganhar mais vigor?
Hoje à tarde, fazia eu, como de costume, uma caminhada à beira-rio, entre o monumento das Descobertas e a Ponte 25 de Abril, quando tive uma vez mais a oportunidade de dizer mal da Câmara Municipal de Lisboa.
Não por causa do baldio em que se transformou a área junto ao rio, mesmo no alinhamento do Palácio de Belém -- uma vergonha de lixo, ervas daninhas e objectos abandonados, de festas que já terminaram há muito. Nem pelo facto das obras de saneamento, um pouco mais à frente, a caminho da Ponte, iniciadas pelas Águas de Portugal, um monopólio que pretende ser uma empresa, estarem paradas há tempos, depois de terem aberto uma cratera mal planeada. Nem tão pouco pelo facto do trânsito junto ao Museu da Electricidade, do lado do rio, ainda não ter sido fechado, apesar do investimento já feito, em termos de controlos, barreiras, etc. Menos ainda por a Câmara ter aceite colocar aqueles tijolos junto à água, e, a gozar com o povo, chamar àquilo uma obra de arte.
Não. A razão foi bem mais terra-à-terra. Meti um pé num dos muitos buracos da calçada esburacada que é o passeio, torci a perna, estatelei-me ao comprido, abri a mão esquerda, quase partia o braço direito, e pouco mais. E claro, a torneira de água, que a CML colocara no jardim, provavelmente para que lavemos as nossas mágoas, estava partida e não funcionava.