Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

Moçambique, visto do meu lado

https://www.dn.pt/opiniao/a-complexidade-mocambicana-13525758.html

O link acima leva-nos para o meu texto de hoje no Diário de Notícias. 

O texto é uma reflexão, diferente do que tem sido publicado, sobre a situação de terror e caos na província de Cabo Delgado, no extremo norte de Moçambique. Tem despertado muita atenção em vários círculos. 

Passo a citar o último parágrafo dessa minha crónica. 

" O ponto fundamental, para além da limpeza de Palma, da ajuda humanitária e da assistência técnico-militar a Moçambique, é tentar compreender as raízes e a dinâmica desta ofensiva terrorista. Minimizar, ignorar as realidades da exclusão social ou insistir em explicações estereotipadas – incluindo as que se referem a pretensas ligações ao chamado Estado Islâmico – seria um erro. Estamos perante uma insurreição capaz de servir certos interesses e fácil de promover. São combatentes que sabem sobreviver com pouco, sem necessidade de uma logística elaborada. As armas provêm das deserções, das emboscadas anteriores, agora do ataque a Palma, e dos mercados ilegais de material militar existentes na África Oriental e Central. Não querem ocupar terreno, mas sim abater os representantes do poder e gerar a insegurança nas áreas com interesse económico, mas com fraca presença do Estado. Por isso, são indivíduos altamente perigosos. Precisam de ser levados a sério, mas sem simplismos."

Os compadres da política

Esta história das associações secretas tem uma certa piada. As maiores associações secretas que existem na política são os partidos políticos. Cada partido, sobretudo os que estão mais próximos do exercício do poder, seja esse poder qual for, é uma associação de gente que, na sua maioria, só está na política para estabelecer redes de contactos e tirar proveito disso. A maçonaria e a Opus Dei são alternativas de segunda mão. Estar nos partidos é que dá acesso e faz subir na vida, graças às redes de contactos que proporciona e às capelinhas que são criadas.  

O dia de hoje

O partido de Angela Merkel perdeu pontos em duas eleições regionais que hoje tiveram lugar. É importante perceber as razões da quebra de apoio. A primeira tem de ver com os atrasos nas vacinações e a percepção que o governo não tem sido coerente na resposta à pandemia. A segunda diz respeito a casos de corrupção e de aproveitamento do poder por parte de deputados do partido para fazer negócios e ganhar comissões.

Estes são dois temas muito sensíveis. Na Alemanha, como em qualquer outro país da União Europeia, o abuso do poder para benefício pessoal é um tema central em matéria política. O papel das instituições e das oposições é o de estar atentos a esses abusos e denunciá-los. Por outro lado, a questão da vacinação que não avança vai acabar por ter custos políticos muito grandes. Os europeus vão comparar os números com os do Reino Unido, dos Estados Unidos e outros, e não vão aceitar de ânimo leve as justificações que os políticos lhes forneçam para justificar a lentidão.

Tudo isto faz-me pensar numa panela de pressão que está a ferver em lume brando. As consequências serão desastrosas, se o lume não for apagado rapidamente.

Ver para além da soleira da porta

O meu texto sobre o Sahel levou alguns leitores a consultar a internet, para perceberem melhor que região é essa. Fico contente por ter despertado essa curiosidade. Mas queria acrescentar algo sobre as populações do Sahel. São, em geral, gentes com um grande sentido de dignidade e uma enorme capacidade para sobreviver em condições bastante adversas. Viver em zonas áridas, no limite do grande deserto do Saará não é fácil. Mas as pessoas desenvolveram, ao longo de muitos séculos, estratégias de sobrevivência. Vivem com imensas dificuldades, mas vivem. Não podem, no entanto, sobreviver se os líderes políticos e militares forem corruptos e se a violência dos bandos armados não for controlada. Essa era uma das mensagens do meu texto.

Uma outra mensagem é para lembrar que temos de ter um conhecimento maior do mundo que está ao pé da nossa porta. Não podemos concentrar a nossa atenção apenas no que se passa na nossa paróquia. Temos interesses que vão muito além desse território limitado que é o que os nossos olhos vêem todos os dias. Outros europeus agem assim. Nós não podemos ficar para trás.

Temas, preocupações e alegrias

Se me meter em conversas em que se discutem temas que nos entristecem ou nos pintam uma sociedade à deriva, fico perdido. Estou a pensar nos temas da ineficiência, da manipulação da opinião pública, da corrupção, da ausência de punição para os criminosos com dinheiro e apoios políticos, dos compadrios, e agora – parece que está na moda – da formação de um governo de unidade nacional – não entendo bem o que isso quer dizer nem onde os seus proponentes querem chegar. Não sei o suficiente sobre o nosso quotidiano, depois de quarenta e dois anos de ausência, para me intrometer nesses debates. Mas reconheço a validade dessas questões. E a necessidade de as discutir de uma forma calibrada e sem manchas de clubite partidária.

Entretanto, ao fim do dia, tive duas boas notícias.

Uma, respeitante ao Conselho de Segurança da ONU, que aprovou uma declaração muito clara contra os militares golpistas em Myanmar. No essencial, é-lhes dito que isso de golpes é algo que não é aceitável no mundo de hoje. Foi uma declaração que me surpreendeu pela positiva. E digo isso no artigo que acabo de escrever para o Diário de Notícias de amanhã.

A outra foi o discurso de Joe Biden sobre política externa. Enunciou uma política clara, baseada na diplomacia com princípios e no respeito por todos os membros da comunidade internacional que se conduzam de modo democrático e que promovam os direitos humanos das suas populações. Ouvir o que ele disse fez-me perguntar a mim próprio se ele e Trump vivem no mesmo país. De um lado, temos uma atitude coerente e positiva. Do outro, era a política do imprevisto e do egoísmo nacionalista. A diferença entre um tipo de América e o outro é simplesmente colossal.

 

Alexei Navalny

Alexei Navalny foi hoje condenado a dois anos e oito meses de prisão efectiva. A condenação teve como justificação o não cumprimento da regra da sua liberdade condicional, que o obrigava a apresentar-se regularmente à polícia. Como foi envenenado por agentes do regime, esteve ausente em tratamento durante vários meses. E por isso, impossibilitado de cumprir a condicionalidade.

Para além do drama pessoal, da escandalosa falta de independência do sistema judicial, da tirania e do espírito de vingança de Vladimir Putin, há um aspecto que queria aqui partilhar. Algo que sublinhei esta tarde, numa conversa sobre o assunto. O poder russo não acusou Alexei Navalny de ser um agente de forças estrangeiras. Aí, o regime foi verdadeiro. Navalny é um patriota. Representa a população russa que está farta da corrupção e do autoritarismo de Putin.

A moral e a política

Hoje foi o presidente da República que falou sobre os perigos da corrupção e dos compadrios. Mostrou preocupação. E não será o único. Vejo no horizonte a possibilidade de uma repetição do que nos aconteceu há uma dúzia de anos atrás. Os fundos europeus deixam muita gente a matutar. A ética em matéria política é um assunto que não faz parte dos nossos debates.

Sobre o Mali

O meu texto desta semana no Diário de Notícias, publicado da edição em papel de hoje, aborda a situação no Mali. É verdade que não se pode falar do Mali, sem mencionar o resto da região em que se insere, ou seja, o Sahel. Por isso, faço igualmente uma referência ao Sahel, aos problemas do crescimento muito rápido da população, à falta de perspectivas para os jovens, como também à corrupção e à ausência da presença da administração do estado em largos segmentos das terras da região. Uma outra preocupação foi a de mostrar que estes países não devem ser tratados com os preconceitos que são comuns quando se fala de África. E há mais, no meu escrito. A minha preocupação é a de apresentar uma visão de águia, ampla contextual, de cada assunto que trato. Outros acrescentarão visões mais pormenorizadas e mais terra-a-terra. Assim se enriquece o debate.

Logo que o texto esteja disponível – agora é “premium”, só para assinantes – colocarei o link neste blog.

O Líbano e a sua crise

A situação no Líbano continua a ocupar as primeiras páginas da imprensa internacional. Hoje foi o governo que se demitiu. O país está a viver um novo período dramático da sua história. As instituições políticas e a economia estão de rastos e a vida de sectores importantes da população, sobretudo na capital, é um oceano de dificuldades. As forças armadas e alguns serviços de segurança são as únicas estruturas que conseguem ainda manter uma certa normalidade de funcionamento. Isso é surpreendente, mas não é suficiente para permitir o regresso à estabilidade.

Conheço muitos libaneses. Sempre admirei as suas capacidades de adaptação a ambientes difíceis e as suas habilidades como empreendedores. O problema reside nas elites políticas e nas que vivem à custa dos seus contactos com o mundo da política. Nesses círculos existem níveis muito elevados de corrupção e de ineficiência, devido ao clientelismo político, étnico, religioso e identitário.

A solução da gravíssima crise libanesa não pode vir do estrangeiro. Tem que ser construída por novas elites e por movimentos de cidadania que ultrapassem as clivagens existentes. O estrangeiro pode mobilizar ajuda humanitária e recursos financeiros de urgência, mas não pode nem deve tentar substituir-se aos responsáveis nacionais. Estes terão que olhar para o seu país de um modo diferente.

A ideia de um mandato internacional, de uma nova forma de subordinação do Líbano ao exterior, não é defensável. Isso são soluções do passado distante. Nada têm que ver com o mundo de hoje. As Nações Unidas ou um outro actor internacional não podem tomar conta do país. Alimentar esse tipo de ilusões é um erro e uma maneira de defraudar o povo libanês.

Os valores democráticos são uma questão central

A democracia é um dos pilares da União Europeia. A democracia constrói-se todos os dias. Os seus alicerces assentam no respeito pelos direitos de cada cidadão, na diversidade de opiniões, na protecção das minorias, na boa governação, que é uma outra maneira de dizer sem corrupção e com um serviço público eficaz, na separação de poderes e em eleições limpas.

Cada Estado membro deve ser um exemplo. Quando o não é, como acontece com a Hungria e outros, tem que haver sanções e um mecanismo que leve à correcção das práticas autoritárias. Por isso, sou dos que defendem que os apoios dos outros Estados não podem, de modo algum, ficar dissociados das questões democráticas. Foi isso, aliás, que hoje se discutiu em Bruxelas, entre outras coisas. E também aí, Angela Merkel e Emmanuel Macron estiveram do mesmo lado da mesa, do lado correcto.

Nestas coisas, as artes manhosas não são uma prova de inteligência política. São apenas isso, manhas de quem pensa que os outros são parolos.

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

<meta name=

My title page contents

Links

https://victorfreebird.blogspot.com

google35f5d0d6dcc935c4.html

  • Verify a site
  • vistas largas
  • Vistas Largas

www.duniamundo.com

  • Consultoria Victor Angelo

https://victorangeloviews.blogspot.com

@vangelofreebird

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2014
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2013
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2012
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2011
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2010
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2009
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2008
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D