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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Ucrânia: as duas faces da moeda

Apesar de ambas as partes terem dito, no final da reunião de ontem em Genebra, que continuariam o diálogo, estou convencido que será muito difícil conseguir um desanuviamento no futuro imediato. Por isso mesmo, a promessa americana de submeter um conjunto de respostas por escrito na próxima semana é esperada com muita apreensão. Esse documento tem de permitir que haja uma clarificação das posições, uma identificação das medidas que cada lado deverá levar a cabo e propor um processo de negociações.

Entretanto, o fornecimento de armas e equipamento militar à Ucrânia, por parte dos Estados Unidos, deve ser visto como a outra face da moeda: por um lado, investe-se na diplomacia, por outro, não se perde de vista a dimensão militar.

É evidente que tudo isto agrava uma situação extremamente delicada. Mas não há condições, neste momento, para apostar apenas na diplomacia. O reforço da capacidade de defesa da Ucrânia é absolutamente essencial. A liderança russa tem de compreender que qualquer violação da fronteira ucraniana terá enormes custos militares, para além de todo o pacote de medidas que possam vir a ser tomadas contra os interesses económicos e financeiros da Rússia. Na verdade, perante uma situação de força deve-se responder com meios civis e militares. De modo completo, compreensivo. 

A entrevista que dei ao DN (1)

1.Surpreendeu-o o primeiro ano de Joe Biden como presidente? Nota francas diferenças na política externa americana em relação a Donald Trump?

No geral, este primeiro ano da presidência Biden foi positivo, também na área da política externa. Sobretudo para quem olha para Washington a partir da União Europeia. A frequência dos encontros entre responsáveis americanos e europeus aumentou significativamente. E de modo construtivo.

Mas também houve alguns erros, que deixaram marcas profundas. O mais grave: a maneira da retirada do Afeganistão, decidida e executada unilateralmente pela administração Biden, sem consultas políticas nem coordenação operacional com os dirigentes europeus.

A afronta à França pelo arranjo trilateral entre os EUA, a Austrália e o Reino Unido, foi outro mau exemplo. Levou à anulação de um contrato de cerca de 55 mil milhões de euros em submarinos que os franceses deveriam ter construído e à subalternização da França na cena do Indo-Pacífico. Esse tipo de erros não se esquecem facilmente. Joe Biden não esteve atento e foi ligeiro, apesar da sua experiência política.

Comparando com Donald Trump, é evidente que a política externa americana aparece agora mais coerente e previsível. Mas, na realidade, pouco mudou. Por exemplo, Joe Biden deveria prestar mais atenção à América Central. Na minha ótica, as maiores ameaças externas à estabilidade dos EUA provêm dessa região: migrações em massa, desespero humano, drogas, insegurança, violência, corrupção política, tudo isso tem um potencial explosivo às portas dos Estados Unidos.

Ainda, Biden deveria enviar a Vice-presidente Kamala Harris mais frequentemente ao estrangeiro, para reforçar os contactos de alto nível e mostrar a presença e a solidariedade americanas. Isso serviria, igualmente, para consolidar a imagem da VP e permitir-lhe o impulso necessário para que no futuro possa ser a primeira mulher eleita presidente dos EUA.

A falar é que Biden e Putin se podem entender

Um primeiro comentário sobre a discussão por videoconferência que hoje teve lugar entre os presidentes dos Estados Unidos e da Rússia deve ser positivo. Por várias razões: por ter tido lugar; pela duração, foi uma conversa 2 horas, o que revela interesse de parte a parte; e por ter permitido debater outros temas para além da questão central que é situação à volta da Ucrânia. Os outros temas discutidos incluíram as negociações nucleares com o Irão, a pirataria cibernética bem como o chamado diálogo sobre a estabilidade estratégica, uma designação obscura, mas que aborda matérias bem concretas, como por exemplo o controlo da corrida aos armamentos ou ainda redução das crises entre ambos.

Um xadrez bem complicado

O excesso de confiança e a arrogância podem levar os líderes a cometer erros de apreciação muito graves. Estamos, actualmente, muito perto desse patamar, no que diz respeito à Ucrânia, a Taiwan e ao programa nuclear iraniano. Ou seja, a cena internacional tem hoje um conjunto de crises potencialmente muito perigosas.

Afeganistão: e agora?

https://www.dn.pt/opiniao/nao-podemos-varrer-o-afeganistao-para-debaixo-do-tapete-14196999.html

Este é o link para o meu texto desta semana, hoje publicado no Diário de Notícias. 

Trata-se de reflexão prospectiva sobre o futuro a curto prazo do regime talibã. Abordo a urgência humanitária, a situação económica e a questão do reconhecimento diplomático do novo regime. 

"O reconhecimento do novo regime, incluindo a sua representação na ONU, vai depender da posição que cada membro do G20 vier a adoptar. Acontecimentos recentes mostram uma tendência para o estabelecimento de contactos pontuais, enquanto ao nível político se continuará a falar de valores, de direitos humanos, da inclusão nacional ou do combate ao terrorismo. E a mostrar muita desconfiança para com a governação talibã. Com o passar do tempo, se não surgir uma crise migratória extrema ou um atentado terrorista que afecte o mundo ocidental, o novo regime afegão, reconhecido ou não, poderá ser apenas mais um a engrossar a lista dos estados repressivos, falhados e esquecidos."
Este parágrafo fecha o meu texto. 

Os meus escritos e os comentários recebidos

O meu texto de ontem no Diário de Notícias foi considerado por um dos leitores que muito prezo como denso, a exigir uma segunda leitura mais atenta. Fiquei indeciso, sem saber como interpretar o comentário.

Um outro leitor, que aprecio de igual modo, disse-me que tinha gostado da minha insistência no valor da diplomacia, na importância que deve ser dada à procura de entendimentos com aliados e adversários. Assim deveria ser, nas relações internacionais e na vida quotidiana de cada um de nós. Os interesses divergentes devem ser resolvidos por meio de negociações e acordos. Assim, ganham todos. A confrontação do vai ou racha não é boa política. Tem custos elevadíssimos e acaba, na maioria dos casos, por não dar a resposta que cada uma das partes esperava.

Uma leitora que vive no Rio de Janeiro enviou-me uma mensagem no mesmo sentido. A diplomacia é a única aposta inteligente. A guerra e os conflitos armados e violentos só trazem prejuízos e sofrimento humano. Ela sabe do que fala. Vê diariamente a situação no Brasil entrar numa espiral de radicalismo e confronto. Mais ainda, andou, com o marido, por vários cantos do mundo, de Angola às Filipinas e viu os custos da intolerância.

Aprecio os comentários que me enviam. E mesmo quando não respondo, não deixo de prestar atenção à mensagem que cada um contém.

 

 

Joe Biden na ONU

Tive a oportunidade de ver o vídeo da intervenção do Presidente Joe Biden na Assembleia Geral das Nações Unidas. Foi um discurso forte, bem articulado e positivo. Agora a questão é traduzir as palavras em acções concretas e convincentes.

Saliento de seguida uma série de pontos extraídos da sua comunicação ou resumindo algumas das ideias principais.

Este é um momento de viragem na história. Estamos mais interconectados do que nunca. As novas tecnologias podem dar mais poder às pessoas ou serem utilizadas para as reprimir. Por toda a parte, pode ouvir-se um apelo ao respeito pela dignidade humana. Não queremos uma nova Guerra Fria. Os EUA estão prontos para aprofundar a ajuda ao desenvolvimento e humanitária. É preciso desenvolver as infraestruturas nos países em desenvolvimento. Apoio à acção contra o aquecimento global. Mais solidariedade americana no que respeita ao combate contra a Covid-19. A questão palestina passa pela criação de dois Estados na região. Os direitos das pessoas devem estar no centro dos sistemas políticos. As intervenções militares são um último recurso, as políticas devem ter a primazia.

Imagino que António Guterres gostou do que ouviu. Eu gostei. Mas sou um optimista moderado e desconfiado.

Um novo e complexo desafio chamado Talibã

https://www.dn.pt/opiniao/um-novo-capitulo-nas-relacoes-internacionais-14063658.html

Este é o link para o meu texto de hoje, no Diário de Notícias. 

O texto centra-se em duas mensagens. A primeira, para sublinhar que a política internacional deve dar a primazia aos direitos e à dignidade das pessoas. A segunda, para defender que a nova situação no Afeganistão é um desafio regional e internacional muito importante. Por isso, exige um novo tipo de diplomacia, que procure sentar à mesma mesa o G7, a Rússia e a China.

Cito um parágrafo do texto que escrevi:

"O G7 deveria mostrar-se especialmente inquieto com o tipo de governação que os talibãs vão impor. A Rússia está consciente dos riscos para a estabilidade dos seus aliados na Ásia Central. A China está preocupada com a defesa dos seus interesses no Paquistão – os chineses não excluem um cenário em que terroristas paquistaneses e outros possam atuar, no futuro, a partir do Afeganistão e ameaçar o corredor económico que une a China ao porto de Gwadar, no Oceano Índico. Quer a China quer a Rússia teriam certamente muito interesse em participar nessa discussão com os países do G7. Assim se transformaria uma crise numa oportunidade de aproximação entre potências rivais. Ganhariam todos com esse tipo de diálogo, a começar pelos cidadãos do Afeganistão."

Um momento histórico

Uma semana depois da queda de Cabul e da administração apoiada pela comunidade internacional – directa ou tacitamente – continuamos a defrontar-nos com três grandes questões. A evacuação de todos os que devem ser evacuados. O reconhecimento diplomático do governo que vier a ser estabelecido. E o impacto desta crise sobre o papel das potências ocidentais na cena mundial.

Cada uma destas questões dá pano para muitas mangas. Mostram, igualmente, que estamos num momento de viragem na história moderna da humanidade. Pode parecer um exagero dizer algo assim. Estou convencido que não o é. Que este é na verdade um virar de página com grandes consequências.

Biden e Putin: dois actores com muita experiência

A cimeira entre Joe Biden e Vladimir Putin surpreendeu muitos de nós. Estava bem preparada, de ambos os lados. Havia uma vontade comum de mostrar resultados. E exibir cordialidade, apesar das posições muito diferentes e contraditórias. Mais, cada um procurou ser visto pelo seu público como sendo capaz de dar resposta às acusações vindas do lado oposto.

A declaração sobre as armas nucleares – ninguém ganha uma confrontação nuclear – foi positiva. Como também o foi a decisão de criar uma comissão mista para um Diálogo Estratégico sobre a Estabilidade.

De um lado e do outro estavam duas velhas raposas das relações internacionais.

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