O ataque contra um campo de extracção de gás na Argélia, propriedade da BP, e o subsequente rapto de um número ainda indeterminado de estrangeiros que trabalhavam nessa base estão a deixar muitos governos profundamente preocupados. É um acontecimento de grande gravidade, que pode ter um impacto enorme no fornecimento de gás ao Sul da Europa e levar também a uma quebra significativa da produção de petróleo na Argélia e na Líbia. Pode igualmente fazer diminuir as receitas do governo da Argélia, numa altura em que a paz social é comprada todos os dias, pelos dirigentes desse país, com o dinheiro proveniente da exploração do petróleo e do gás. Se esses fundos falharem, a probabilidade de uma revolta social nas cidades argelinas é enorme.
Tudo isto precisa de ser monitorizado com muita atenção.
O departamento África do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) acaba de publicar o relatório de 2012 sobre o desenvolvimento humano no continente africano. O tema do relatório é a segurança alimentar.
Vale a pena consultar este documento, embora reconhecendo que a perspectiva do PNUD teria ganho maior profundidade técnica se a FAO tivesse sido associada à elaborarão do relatório. E se as questões da utilização da energia e das tecnologias apropriadas tivessem sido tratadas com a atenção que merecem.
No lançamento do relatório esta tarde, em Bruxelas, na sede da Associação dos Países África-Caraíbas-Pacífico junto da UE, foi curioso ouvir certos embaixadores africanos falar de segurança alimentar, quando se sabe que a agricultura é dos sectores económicos que menos atenção recebe, um pouco por toda a parte, em África. Por exemplo, apesar de uma decisão tomada há alguns anos no quadro da União Africana, em que o compromisso de gastar cerca de 10% dos orçamentos públicos com a agricultura e ramos afins fora assumido, apenas 9 países despendem mais de 5%, por ano, dos gastos do estado no sector.
As políticas agrícolas em África ou são pura e simplesmente inexistentes ou, quando existem, têm sido verdadeiros desastres.
Passei o serão a discutir energia nuclear com um dos especialistas europeus. É um assunto de grande actualidade. O desastre do Japão tem feito reflectir muita gente séria. É, no entanto, um debate de uma grande complexidade. Não se pode resolver com base em chavões e ideias feitas.