Os incêndios exigem que o governo, ao mais alto nível, lhes dê uma atenção prioritária.
Sabemos que existem questões de fundo, que resultam de vários factores, incluindo muitas décadas de negligência e fraqueza ao nível dos dirigentes políticos do país.
Mas as questões de fundo são para depois, quando tiver terminado a urgência que agora existe. Se houver coragem política para tomar as medidas que se impõem, é evidente ...
Para já, reconheça-se que é fundamental responder com todos os meios disponíveis aos desafios do quotidiano deste Verão. O poder executivo tem que estar mais mobilizado e mostrar que tem a capacidade de coordenação de meios que é necessária. Há que estabelecer uma plataforma de “guerra contra o fogo”.
O governo declarou agora que várias zonas do país estão perante uma situação de calamidade. Trata-se, no entanto, de uma medida por dias, que irá terminar quando terminar o dia de segunda-feira. E, para além do seu carácter temporário, tratou-se de uma iniciativa que passou ao lado da compreensão da maioria dos portugueses.
O que fica, para já, é a impressão que o governo não está em cima dos acontecimentos. Nomeadamente, ao nível da comunicação social.
Há cada vez mais informação disponível. As fontes são múltiplas e o material produzido vai muito além da nossa capacidade de o ter em conta.
Este facto deve fazer-nos reflectir sobre o que deve ser a nossa intervenção escrita. E também sobre o estilo dessa mesma escrita. Não se pode escrever hoje como se escrevia quando o livro era rei e o jornal diário o seu mais fiel servidor.
Mas também nem tudo pode ser redigido como se redige um texto de 140 caracteres para o twitter. Mesmo reconhecendo a importância dos tweets. Uma importância que Donald Trump e os seus souberam aproveitar com um grande sentido de oportunidade. Divulgaram dezenas de milhares de textos curtos, frases acutilantes, embora muitas vezes fora do espaço da verdade. Mas a verdade é que ganharam a guerra da informação e da intoxicação.
Para quem é capaz de influenciar a opinião pública, a questão fundamental sobre o terrorismo é muito clara: que significa fazer o jogo dos terroristas? Quando é que um narrador, um cronista, um emissor de opiniões, um jornalista, está, embora de modo involuntário, a ampliar os efeitos que os terroristas pretendem obter?
Não tem havido consciência desse perigo. Ora, muitas vezes, o que se escreve ou comenta acaba por aumentar o nível de medo, o grau de terror colectivo, por transformar um incidente num tsunami.
Com um ataque terrorista a decorrer contra um hotel internacional em Ouagadougou, a capital do Burkina Faso, fica-se com a impressão que estamos no meio de uma ofensiva orquestrada, que ataca alvos em várias partes do mundo. Ontem foi em Jakarta, antes havia sido em Istambul, já tinha acontecido em Paris, e assim sucessivamente, no Iraque, no Paquistão, etc.
Perante uma ofensiva deste género, nenhum país, incluindo os da Europa, se pode considerar imune. Isto é válido também para Portugal. Seria um erro pensar que por estarmos na periferia estas coisas não chegam à nossa porta.
São também um problema nosso. Devem ser encaradas muito a sério e com os meios adequados. Assim, a questão que se põe é a de saber se os nossos serviços de inteligência têm a capacidade suficiente para recolher e analisar a informação que ajuda a prevenir este tipo de ataques.
Nos cafés das vilórias do Alentejo há sempre um ecrã de televisão ligado. Está sintonizado, de um modo geral, para o canal por cabo do Correio da Manhã (CMTV). É uma maneira de atrair os poucos possíveis clientes que ainda existem por essas terras. Trata-se de um canal que, por ser pago, não está disponível nos lares da maioria dos habitantes. Mas é um canal muito procurado e capaz de influenciar muita gente. A leitura que fica sobre a realidade do país é, em grande medida, influenciada pela CMTV.
Por vezes, à noite, há uma outra vida nas televisões desses cafés. São momentos em que impera a TV Sport, outro canal pago, e o futebol é rei.
Depois de vários dias de viagem, o regresso a Bruxelas foi como cair num buraco escuro. A internet estava avariada, era fim-de-semana, o apoio técnico, com visita a casa, só estaria disponível hoje, segunda-feira. Fiquei mais ou menos furioso, por não compreender que no ano de 2013 não haja assistência técnica presencial ao domingo. Mas o pessoal da Belgacom assegurou-me que hoje de manhã, e certamente antes das 14:30 teria a ajuda técnica requerida.
Passei o dia todo à espera. O jovem informático, pessoa de uma grande simpatia, o que travou as minhas ganas de o engolir vivo, chegou às 18:00 horas. Levou cerca de uma hora para consertar a coisa.
E esta noite, voltei das trevas, daquele inferno que é o de não estar ligado à rede.
O SAPO, que aloja este blogue desde o início, faz hoje 18 anos. É dia de parabéns! Pelo que é – uma plataforma multifacetada e um grande sucesso informático – e também por mostrar que em Portugal existem pessoas com ideias e conhecimentos modernos, que lhes permitem competir com o resto do mundo.
Trata-se, na verdade, de um exemplo de excelência num sector de ponta. Este é o tipo de Portugal que queremos ver.
Estive no início da semana em Espanha e a crise era o tema de conversa, um pouco por toda a parte. Lá, como cá, falta informação, as pessoas não entendem as opções tomadas. A confusão é geral. Mas falta, sobretudo, confiança em quem dirige o país. Esse é hoje o grande défice. Um défice que pode levar a grandes catástrofes políticas. A extremismos, de ambos os lados.
Esta manhã, ao conduzir de casa para o aeroporto, segui um programa de rádio sobre a carta aberta que os oficiais das forças armadas estão a fazer circular. A carta sobre o mal-estar. Os ouvintes telefonavam ao programa e diziam o que lhes ia na alma.
Achei estranho. Primeiro, por que as opiniões expressas era, na maioria dos casos, mera ignorância atrevida, embora bem intencionada, numa ou outra intervenção. Mas sobretudo, por me parecer que um debate a sério sobre o papel dos militares na sociedade portuguesa precisa de ser tratado com serenidade e recato. Não é assunto para chamadas telefónicas ao vivo.
Pensei que o ministro da tutela tem sido pouco cuidadoso na maneira como tem tratado do assunto. Os média não parecem querer ficar atrás. E alimentam, deste modo, as divisões e a ignorância popular sobre uma questão que é fundamental, em termos de soberania e do nosso relacionamento com os aliados de segurança que temos.
Não conheço nenhum outro país europeu onde este tipo de insensatezes esteja a ser debatido na praça pública.
Parece que perdemos o sentido e a importância das coisas.
Este blog tem várias vezes escrito que a ligação entre a maçonaria e as agências de segurança do Estado, SIS e SIED, bem como com os organismos de coordenação das informações estratégicas, é inadmissível em democracia.
A maçonaria é uma rede anacrónica, com crenças de outros tempos, que utiliza o secretismo para benefício pessoal dos seus membros. É uma teia de contactos clandestinos e de tramas de influência, fechada ao escrutínio legal e mediático, conspirativa, retrógrada e protectora de interesses ocultos, inspirada em práticas do passado.
Quem se ocupa da protecção do estado e da segurança nacional não pode ser membro de uma organização desse tipo. Por razões óbvias.
A maçonaria, por seu lado, procura penetrar as agências de segurança. Faz parte do seu desígnio de controlo de tudo o que possa dar poder sobre os outros cidadãos.
Hoje, voltou a falar-se publicamente sobre este assunto. O líder parlamentar do PSD é acusado de pertencer a uma loja que englobaria igualmente o antigo chefe supremo do SIED. E gente importante do PSD na Assembleia da República é acusada de ter manipulado registos oficiais sobre as ligações entre a maçonaria e as chefias da segurança nacional.
É por isso altura de repetir que tudo isto é inaceitável, nos tempos de agora.