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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Canhões pouco diplomáticos

Gente que vive no fingimento dos salões nobres chama-lhe “diplomacia coerciva”. Você e eu usamos uma expressão mais clara: é a “diplomacia do canhão”. Quando o meu é maior e mais potente do que o do meu vizinho, ameaço-o ou mando-lhe mesmo uns balázios. Espero, depois, que ele se conforme à minha maneira de ver as coisas.

 

É, ao fim e ao cabo, uma “diplomacia” perigosa. O meu tiro pode cair no alvo errado. Ou pode levar o meu vizinho a adoptar outros truques, o que me obrigará, passada a surpresa, a mandar-lhe mais uma chuva de balázios e assim sucessivamente, arrastando-me muito para além do que eu pensava fazer.

 

Assim, chego à conclusão que a “diplomacia do canhão” só é eficaz se for usada com toda a força, logo nas primeiras horas, de modo a dar um golpe fatal ao meu vizinho. Mas, nessa altura, já não será “diplomacia”. Terei que lhe chamar “guerra”, para evitar que outros lhe chamem “agressão”. 

Política para gente inteligente

O Presidente François Hollande disse, numa visita recente à China, que a crise das economias europeias estava a chegar ao fim. A mensagem que quis transmitir era bem clara: estamos numa altura de viragem, o pior já passou, vamos entrar num período de retoma.

 

Na altura, houve quem dissesse que Hollande não tinha outra opção. Que o presidente de um país de peso dentro da União Europeia tinha que transmitir optimismo, apesar de saber que as tendências económicas são negativas.

 

Na minha opinião, esta maneira de ver as coisas, dando uma visão ilusória da realidade, este optimismo retórico não traz benefícios. Prejudica, isso sim, a credibilidade do político que profere esse tipo de declarações.  

 

Em política, seja na cena internacional seja na doméstica, considerar que os outros são tolos é um erro. Nos tempos de hoje, aqui, ou na China, o que conta é a franqueza. O discurso político precisa de se adaptar aos tempos de agora. Ter presente que as pessoas estão bem informadas e propor, assim, políticas e medidas que façam sentido e que resultem de um estudo da realidade e das diferentes escolhas possíveis. O resto é conversa. 

O futuro de Barroso

A minha carreira internacional, sobretudo nos últimos anos, em que a responsabilidade política era maior, ensinou-me que o sucesso passa por um equilíbrio muito delicado entre o chamar os bois pelos nomes e a sensibilidade dos grandes países. Ou seja, quando a verdade precisa de ser dita deve-o ser, mas a escolha das palavras, do momento e do local são questões fundamentais. A diplomacia, como é costume dizer-se, consiste na capacidade de mandar a outra parte para o inferno com um jeito tal que deixe o adversário com vontade de fazer a viagem e ansioso por lá chegar o mais depressa possível.  

 

As relações com os grandes países, quando se tem responsabilidades internacionais, não se fazem através dos jornais nem com declarações bombásticas. A não ser que se tenha perdido a autoridade, a capacidade de ser ouvido, ou se esteja com um pé já na rua…

 

Dito isto, não sei como enquadrar a entrevista de Barroso ao International Herald Tribune. No entanto, ao atacar de um modo tão claro o governo de François Hollande, o Presidente da Comissão Europeia pode ter revelado, indirectamente, várias coisas: frustração, porque a Comissão tem estado a ser ostensivamente marginalizada em tudo o que conta; presunção, por acreditar que possa estar acima dos líderes dos Estados membros, o que nunca poderá ser aceite; ou mau aconselhamento, por parte dos seus assessores políticos. Fica a questão no ar. O que é verdade, é que assim vai voltar a Lisboa mais cedo do que ambicionava. Ou então, vai seguir os passos de Tony Blair e andar por aí, a dar conselhos a governos que paguem bem. 

Uma crise esconde outra

Na íntegra, o meu texto na Visão desta semana:



Entender o presente, imaginar o futuro

Victor Ângelo

 

Pare, escute e olhe! Lembram-se? Um comboio pode esconder outro…Agora, é a crise europeia que parece ocultar uma outra: a crise da representação política. O cidadão, um pouco por toda a parte, deixou de se sentir representado pelos partidos tradicionais, que durante décadas se têm revezado no exercício do poder. Esses partidos são agora vistos como meras máquinas de propulsão de oportunistas. Máquinas inacessíveis, distantes e opacas, em contracorrente com as práticas de hoje, que são abertas, próximas e transparentes, graças à utilização generalizada das redes sociais. Para mais, ao revelarem-se incapazes de imaginar soluções que respondam às inquietações actuais dos eleitores, perdem credibilidade e conduzem ao aviltamento da imagem das instituições. São os parlamentos e os executivos – governos e a Comissão, em Bruxelas – que saem pior deste processo de desvalorização política.

 

É na área do centro-esquerda que a crise dos partidos é mais evidente. O descrédito do neoliberalismo, os altos níveis de desemprego, a evolução dos valores e da ética, as aspirações de justiça social, tudo isto deveria traduzir-se num apoio acrescido à social-democracia e ao socialismo na Europa. Não é isso que está a acontecer. Apesar das condições lhe serem claramente favoráveis, o centro-esquerda europeu não tem conseguido canalizar as ansiedades nem inspirar esperança aos cidadãos. Tem-se mostrado igualmente incapaz de dar um novo fôlego à construção europeia. O exemplo mais evidente deste fracasso vive em Paris.

 

François Hollande foi eleito há exactamente um ano. Quem o elegeu esperava uma mudança profunda na orientação que vinha a ser seguida pelo seu predecessor, de liberalismo económico e de alinhamento com as posições alemãs. Um ano depois, a crise económica francesa agravou-se, o desemprego aumentou e a subordinação a Berlim acentuou-se. A França perdeu peso na cena europeia. Hollande dá uma imagem de falta de rumo. Parece um dirigente para todas as estações, ou seja, um catavento político, mais táctico do que estratégico. O Partido Socialista francês está mais fraccionado que nunca. Tudo isto por não haver uma resposta ideológica coerente e moderna aos desafios que o país e a Europa enfrentam.

 

O caso francês prejudica os partidos da mesma família política no resto da vizinhança. Perante o fracasso de Hollande, quem consegue convencer os eleitores, noutros países, que os socialistas são uma alternativa credível? Na Alemanha, nas vésperas das legislativas de Setembro, o Partido Social-democrata, que foi uma organização determinante no avanço da ambição europeia e na modernização da Alemanha, não consegue aparecer como uma alternativa credível às opções de Angela Merkel. O seu candidato a chanceler, Peer Steinbrück, além de ser conhecido pela frequência das suas gafes, é sobretudo um porta-voz dos ecos do passado, de soluções que funcionaram há décadas, quando as circunstâncias eram bem diferentes. Foi ele quem lançou, recentemente, a ideia de um novo Plano Marshall para a Europa. Como se a Europa e o mundo estivessem com a mesma dinâmica e a mesma relação de forças que caracterizava a cena internacional há sessenta anos. 

Na verdade, a classe política precisa de parar, escutar e olhar para poder compreender quais são as grandes inquietações dos seus concidadãos e propor, em seguida, uma resposta adequada. Ou seja, é preciso formular um novo corpo de ideias, uma ideologia ancorada nos anseios e receios das populações e virada de vez para o futuro. Trata-se de um desafio de proximidade e de imaginação!

 

Os outros e nós

Dados revelados ontem pelo instituto francês de sondagens de opinião Ifop mostram que a credibilidade política do Presidente François Hollande continua a diminuir. Um dos pontos fracos, segundo a opinião pública, terá que ver com a falta de autoridade de Hollande. Apenas 14% dos inquiridos consideram que o presidente tem a autoridade necessária para se impor como líder do governo.

 

Esta é certamente uma questão primordial para quem tem a autoridade formal mas não consegue traduzi-la em poder político. O resultado é a falta de confiança generalizada na capacidade do presidente numa altura de crise. Gera-se, assim, a impressão que a mão que segura o leme não tem a firmeza necessária. Isso significa, para o comum dos cidadãos, que a crise de hoje será o naufrágio de amanhã.

 

Se se colocasse tudo isto contra um pano de fundo pintado com as cores actuais de Portugal, que paralelismos viriam à mente? 

Mais cimeira, menos união

Voltando à entrevista de Francois Hollande sobre a Europa, recomendo que seja lida. É um bom apanhado da posição francesa. Mostra, por outro lado, que o tandem franco-alemão não está a funcionar. Com subtileza, Hollande tenta passar a responsabilidade para o lado de Merkel. Mas a verdade é que, neste momento, ninguém parece pronto para uma maior integração política, nem para uma melhor coordenação económica e fiscal. 

 

Por outro lado, em Bruxelas, Van Rompuy tenta pintar uma Europa cor-de-rosa. Continua a afirmar, quando fala em público, que as coisas estão bem encaminhadas. Não sei se haverá alguém que acredite no que ele proclama. Para mais, Van Rompuy fala de um modo que poucos entendem. Não sabe utilizar uma linguagem directa. Mas tem algum peso, nas capitais que contam. 

 

Quanto a Barroso, está cada vez mais invisível. É pena, porque até diz, mais vezes agora, coisas que fazem algum sentido. Só que ninguém parece interessado em ouvi-lo. 

 

 

Uma cimeira para nada, como de costume

A entrevista de Francois Hollande, sobre a Europa, que hoje foi divulgada em cinco jornais europeus de referência, precisa de ser estudada com cuidado. Nestas coisas, nunca é bom chegar a conclusões com base na aparência das palavras ditas. Voltarei, por isso, ao assunto. O que é verdade, desde já, é que a entrevista mostra existirem profundas divergências entre Paris e Berlim, no que respeita às soluções a preconizar para resolver as diferentes crises europeias. E que a cimeira da próxima semana não vai conseguir resolver. Será mais uma cimeira inconsequente. Isto é, logo à partida, uma má notícia para certos países, entre os quais Portugal. 

 

Também é uma má notícia perceber-se que os políticos portugueses não conseguem ter uma posição estratégica comum, que lhes permita negociar com clareza e medida com o resto da Europa. Para dizer a verdade, até parece mesmo que não têm posição alguma, quando se trata de abordar os nossos interesses num contexto europeu. 

Bruxelas ou Berlim?

Escrevo na Visão de hoje que:

 

"A marginalização de Bruxelas é um erro. Primeiro, porque enfraquecer as instituições e os dirigentes comunitários é debilitar a construção europeia. Depois, porque em períodos de crise, quando as disparidades entre os estados membros se tornam mais evidentes, as chamadas de atenção devem provir das instâncias comuns, não das capitais dos países mais fortes. É mais fácil para um cidadão grego, ou português, aceitar uma crítica vinda de uma estrutura que é de todos do que uma observação feita por um político alemão, finlandês ou de um país vizinho. Sem esquecer que os comentários feitos por Merkel ou Schaeuble, o poderoso ministro das finanças da Alemanha, e por outros líderes nacionais, têm mais que ver com a opinião pública dos seus próprios países do que com uma contribuição objectiva para uma solução que interesse à maioria dos europeus. "

 

O texto completo está disponível no sítio da Visão on line:

 

http://visao.sapo.pt/mais-bruxelas-menos-berlim=f683516

 

Boa leitura.

Um dia em cheio

A poucos dias da cimeira do G20, que se realiza na Baixa Califórnia, uma região mexicana de grande beleza natural na costa do Pacífico, a 18 e 19 de Junho, a crise da zona euro poderá focalizar todas as atenções dos participantes e deixar um espaço ínfimo, se deixar, para as outras grandes questões internacionais. 

 

Esta possibilidade está a criar tensões entre os BRIC e o México, de um lado, e a UE e os EUA, do outro. O Presidente Obama telefonou hoje ao fim da tarde a Van Rompuy e, segundo me dizem, a única questão discutida foi a crise europeia, os indícios de agravamento e os riscos de contágio. 

 

Para cúmulo, as informações que circularam, durante o dia, em Bruxelas, eram das mais contraditórias, quer em relação à atitude a tomar em relação à Grécia, no caso das eleições darem a vitória aos partidos que se opõem ao programa de ajustamento estrutural, quer ainda no que respeita aos procedimentos a seguir para aprofundar a "união bancária" e a "união fiscal".

 

Para acrescentar mais umas achas à fogueira, Francois Hollande recebeu em Paris os líderes da oposição social-democrática à Sra. Merkel...Ou seja, encontrou maneira de agravar a crispação entre Paris e Berlim, que já é bem evidente e profundamente contraprodutiva...

 

Com esse tipo de tensões, vai ser ainda mais difícil chegar aos acordos que se impõem de imediato, que o curto prazo exige.

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