Este é o link para o meu texto desta semana no Diário de Notícias.
Entretanto, o ainda presidente Donald Trump veio contradizer tudo e todos, incluindo o seu querido Mike Pompeo. Veio dizer que talvez não tenham sido os russos que têm andado a espionar os diferentes departamentos estratégicos federais e as grandes empresas americanas. Não há dúvida, como já se sabia, que Trump está no bolso de Vladimir Putin. Também não tenho dúvidas sobre o seguinte: a sua saída do poder, por haver perdido as eleições, é um grande alívio. Trump é um líder muito perigoso.
"O legado que Trump procura deixar nesta matéria também se destina a condicionar os europeus. Já o está a conseguir na NATO. O grupo de peritos criado pelo Secretário-geral para refletir sobre a NATO para o horizonte 2030 é copresidido pelo americano Wess Mitchell, um intelectual tão querido de Trump quão hostil em relação a Beijing. O documento que o grupo produziu, em discussão pelos ministros dos Negócios Estrangeiros da Aliança desde o início deste mês, refere-se à China como um “desafio intenso”.
Este é um dos parágrafos do texto que hoje publico na edição em papel do Diário de Notícias. O texto é sobre as nossas relações futuras com a China. É um texto de opinião, não é uma análise académica.
Este é o link para o texto que publico esta semana na edição de hoje em papel do Diário de Notícias.
Escrevo sobre o narcisismo de Donald Trump, sobre a democracia e sobre a falta de equilíbrio de poderes quando as Assembleias da República estão decoradas com os servis fiéis dos líderes partidários.
Creio perceber que vários dirigentes europeus já atingiram o ponto de saturação no que respeita a Donald Trump e aos seus. A palhaçada que foi a conferência de imprensa de hoje, em que o advogado de Trump, Rudy Giuliani, meteu os pés pelas mãos, descreveu uma conspiração que não consegue provar e acabou com a tinta do cabelo a correr-lhe pela cara abaixo e a manchar a sua camisa branca, foi uma ilustração do ridículo, da loucura e da maldade que anima essa gente. Há fraude, sim senhor, e eles, Trump, Giuliani e companhia são a fraude.
Para completar o dia, os europeus olharam com estupefacção para a visita do evangélico Mike Pompeo a territórios que Israel ocupou. E pensaram que já é mais do que tempo para ver esta gente fora do poder. Como decidido, aliás, pelo povo americano, que votou maioritariamente por Joe Biden.
O que se passa nos Estados Unidos é muito preocupante. Uma semana após o dia das eleições, Donald Trump e uma boa parte dos líderes Republicanos continuam a não aceitar os resultados eleitorais. Inventam toda uma séria de pretensos casos jurídicos, que sabem não ter mérito, mas que têm a vantagem de pôr em dúvida a credibilidade do processo eleitoral. Trump não quer ficar com a imagem de um presidente que perdeu as eleições. Isso esfrangalharia o seu ego imenso. Tem de basear os resultados em actos fraudulentos, que na verdade não existiram.
Agora resolveu, como qualquer golpista clássico, atacar a independência da estrutura militar. Demitiu quem estava à frente do Departamento da Defesa e que havia mostrado um certa independência de acção. Nomeou, para os lugares deixados vagos, gente que lhe é inteiramente dedicada. Alguns deles são racistas declarados e extremistas reconhecidos. Ao fazer o que está a fazer com a Defesa, Trump parece querer instrumentalizar as Forças Armadas, criar condições para as poder utilizar na defesa da sua usurpação do poder. Podemos ter aqui um enorme problema.
Sempre pensei que certos políticos têm espelhada na cara a imbecilidade que lhes mina o cérebro. Só enganam quem não quer ver. E não estou a pensar apenas numa ou noutra figura pública portuguesa. Desta vez, trata-se de Janez Janša, o primeiro-ministro esloveno, um ultra das direitas que, como Viktor Orbán e outros, se esconde na família política conservadora, o Partido Popular Europeu (PPE). O fulano vai ficar na história do nosso anedotário por ter sido o único dirigente europeu que felicitou Donald Trump, poucas horas após o fecho das urnas.
Este é o link para o texto que hoje publico no Diário de Notícias, edição em papel.
Foi um texto difícil de escrever, pois na altura da escrita ainda não era claro o que iria acontecer. Agora, com Joe Biden declarado vencedor, o texto torna-se mais actual. O debate sobre o futuro das relações entre os Estados Unidos e a Europa não se deve resumir a declarações ocas de amizade mútua. Tem que ser visto numa perspectiva de longo prazo e não esquecer que os Estados Unidos estão cada vez mais afastados da realidade europeia.
No meu texto no Diário de Notícias de hoje, procuro reflectir sobre os grandes temas das campanhas dos dois candidatos bem como sobre o futuro do relacionamento da União Europeia com os Estados Unidos. Esta segunda parte de o meu texto será certamente uma tema de grande actualidade nos tempos mais próximos. É um debate que precisará de ser aprofundado. O que hoje publico é apenas uma abertura da discussão. É uma posição voluntarista, virada para aquilo que penso dever ser o caminho que a UE deverá procurar seguir. Mais do que uma análise, é uma proposta de agenda.
Entretanto, uma lição sobre a qual convirá igualmente reflectir diz respeito à enorme radicalização da vida política americana. As posições dos dois campos não são apenas diferentes. Para muitos, de um lado e do outro, são tomadas de posição marcadamente hostis. Esse parece ser um dos legados de Donald Trump, a radicalização da sociedade, da opinião pública americana.
O contrário, um certo desanuviamento, poderá ser a imagem de marca de Joe Biden. Será que o conseguirá? Espero que sim. Entretanto, o meu conselho seria o de tentar prosseguir essa via da reconciliação da sociedade americana. Uma sociedade desenvolvida precisa de ser um exemplo de respeito pelas divergências políticas.
No que respeita às eleições presidenciais, o processo eleitoral norte-americano é muito diferente do que por aqui vigora. Não existe uma Comissão Nacional de Eleições que declare o vencedor. Depois dos apuramentos estado a estado, é essencial que o candidato perdedor reconheça que perdeu as eleições. Isso tem de ser feito através de uma declaração pública. Só depois se passará à etapa seguinte, que é a de reunir os grande eleitores, que são 538, e proceder à formalidade da votação final. Sem o discurso de aceitação dos resultados por parte do candidato derrotado, o sistema emperra.
Este ano, se o vencido for Donald Trump, tenho muitas dúvidas sobre a sua aceitação dos resultados. Daí resultará uma grande encrenca.