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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Crescemos quando abrimos horizontes

Migrações e ideas simplistas

As migrações fazem parte da história da humanidade. E também fazem parte da história de Portugal. Por isso, convido os meus amigos a pensar na questão, na saída de jovens e menos jovens, com alguma serenidade. Escrever prosas empolgadas sobre o assunto revela, acima de tudo, superficialidade, uma ligeireza que faz medo, sobretudo quando os autores desses escritos são gente com responsabilidades de direcção política e outros, pessoas com influência ao nível da opinião pública. Ora, essas prosas aparecem frequentemente na nossa comunicação social. O que por outro lado mostra que temos uma comunicação social tipo peso pluma.

As migrações constituem um assunto que precisa de ser discutido com calma. Será certamente um tema a que voltarei várias vezes. Até porque eu próprio sou um emigrante de longo curso.

Sobre as migrações

Disse hoje a uma jovem minha conhecida que as migrações são e sempre foram uma opção para quem procura melhores oportunidades. E lembrei-lhe, em duas palavras, que não vale a pena estar a dar grandes lições aos jovens portugueses de hoje – estou cada vez mais convencido que muitos sabem bem o que querem – que, no meu caso, saí de Portugal aos 28 anos. E até tinha emprego, um trabalho que para a época, era relativamente bom e promissor. Não me arrependi da decisão dessa altura. É verdade que tudo tem os seus custos. Mas o custo maior é o de ficar parado, à espera que o céu nos caia aos pés. E hoje, já ninguém está longe. Quando eu saí, se queria telefonar à família tinha que marcar a chamada de véspera. Muitas vezes a linha era um caos e a conversa uma frustração, para ambos os lados da linha. Agora, com as redes sociais, é uma ligação instantânea e gratuita, com imagem e tudo. Emigrar é como estar apenas do outro lado do ecrã.

Um dia de reflexão

Neste Dia de Portugal, de Camões e dos se encontram um pouco pelos vários cantos do mundo, lembrei-me que vivo fora do país há 36 anos. E fiquei a pensar que me sinto, acima de tudo, tendo em conta o clima que se vive actualmente em Portugal, como um exilado. Mas depois retirei esse pensamento. Conheci muitos exilados na minha vida, e seria uma falta de respeito para com o sofrimento que os rói falar no meu “exílio”.


Como estamos na semana do campeonato do mundo, passei de exilado a simples fora do jogo, auto-excluído da seleção. É bem mais verdade e provavelmente melhor entendido. Fora do jogo - e não fora-de-jogo - quer dizer que se está disponível para o desafio, mas que não se está pronto para aceitar as regras como elas são vividas hoje em Portugal. Há canelada a mais, muito empurrão e jogo sujo.

Os nabos da banca

Sabendo que sou emigrante há dezenas de anos, o meu banco português enviou-me uma lista das casas e outros imóveis que tem à venda. No entender deles, quem está no estrangeiro há tanto tempo deve estar com imensas saudades e ter, ao mesmo tempo, dinheiro suficiente para comprar um bem no país natal. É uma hipótese de trabalho como qualquer outra. Terá, por isso, o seu fundamento. Só que os bens disponíveis eram esteticamente de um gosto muito discutível mas acima de tudo, com preços bem superiores ao que seria de esperar. Falo dos preços mais altos. Elevados, mas sem qualquer correspondência com a qualidade da construção, os materiais empregues, o tipo de ambiente circundante. A esses preços compra-se melhor e de mais qualidade noutros sítios da Europa.

 

Há aqui algo que não entendo. Como também não percebo a razão que levou o meu banco português a emprestar dinheiro a quem comprou em primeira mão esses imóveis ou a quem os mandou construir. Quem financia nabos como se fossem espargos não sabe o que anda a fazer.

 

 

 

Raízes e cores

Julie-Anne Nungarrayi Turner, nascida em 1975 no Território do Norte, Austrália, é uma das pintoras Aborígenes que mais tem chamado a atenção dos colecionadores. Os seus quadros descrevem, de uma maneira idealizada, a vida das mulheres da sua tribo, cujas terras ancestrais se situam a cerca de 300 quilómetros a noroeste da pequena mas agradável cidade de Alice Springs.

 

Hoje foi dia grande aqui em casa. Um quadro de Julie-Anne, pintado em Setembro de 2013, foi pendurado no corredor da entrada e passou a fazer parte das cores por onde se admiram os meus olhos.

 

Lembra-me, também, o lado mais colorido da vida aborígene, que, em geral, é muito difícil e marginalizada.

 

Também me lembra a mulher portuguesa que estava de serviço como agente de segurança no aeroporto de Alice Springs, quando por lá passei recentemente. Natural da região de Viseu, há vinte e tal anos no meio do nada e do Sol que é Alice Springs, ficou contente por ter que revistar um português e aproveitou para me dizer que as filhas foram uma ou duas vezes a Portugal, do outro lado do mundo, para que não esquecessem onde estão as suas raízes.

 

Julie-Anne pinta também para não esquecer onde estão as suas.

 

Actualmente vive em Adelaide, no Sul da Austrália.

 

 

 

 

Emigração

A reunião anual do Conselho da Diáspora Portuguesa tem lugar nesta Segunda-feira, em Cascais.

 

O Conselho é uma estrutura que surgiu há um ano, por iniciativa do Presidente da República. Congrega três ou quatro dezenas de portugueses que têm conhecido sucesso fora de Portugal e que são gente influente nos círculos em que se mexem. São pessoas ligadas às actividades económicas, ao sector privado.

 

Penso que se trata de uma boa ideia. Convém apostar em gente com sucesso reconhecido além-fronteiras. Não há que ter medo de ouvir a opinião de quem está fora das estruturas habituais.

 

A agenda deste ano é um pouco obscura, mas poderá dar lugar a debates interessantes, pois quando não se entende bem o que se pretende discutir pode-se falar de muita coisa. Os temas são: a mobilidade inteligente, o financiamento alternativo das empresas portuguesas e a questão de saber se Portugal está pronto para o futuro.

 

Não sei o que entender pela mobilidade inteligente, por exemplo. Mas os Portugueses que vi hoje, no mercado semanal de Saint Gilles em Bruxelas, gente simples da emigração, não serão certamente parvos. Sabem bem o que os levou a sair da terra. Tomaram, na altura, a decisão que lhes pareceu mais inteligente.

 

 

 

 

 

 

Braga olha para o Sahel

Estive em Braga nos últimos dois dias. O motivo que me levou a essa cidade foi a realização de um seminário internacional sobre as ameaças à segurança de África e da Europa que resultam da situação de instabilidade e de má governação no Sahel.

 

Tive a oportunidade de partilhar a minha análise desta problemática com os outros participantes e também com um grupo de alunos de relações internacionais da Universidade do Minho. É verdade que cada país do Sahel é um caso, mas existem vários pontos comuns. Um deles, passa pelo cruzamento de um meio ambiente cada vez menos favorável à produção de alimentos, em virtude da desertificação crescente – o Deserto do Sahara avança em direção ao Sul cerca de 48 quilómetros por ano – com um crescimento muito elevado da população da região. Dois em cada três habitantes do Sahel têm menos de 25 anos de idade, o que irá contribuir, por vários anos, para que a população continue a crescer de modo acelerado.

 

Como não há meios de vida, muitos desses jovens são, pura e simplesmente, candidatos à emigração. E uma pequena franja, mas significativa, será apanhada pelas redes radicais e pelo crime internacional organizado.

A imagem que temos tem muito de positivo

Tem-se falado muito e repetidamente da imagem externa do nosso país. Muitas vezes, apenas para dizer que a imagem não é boa e que tem tendência para ir de mal a pior. Há uma espécie de prazer masoquista nessa maneira de encarar a questão. Nalguns casos, até parece uma prova de inteligência: quem fala nessas coisas acha-se mais vivo que os outros.

 

É verdade que nalguns círculos a imagem não é das melhores. Mas, no conjunto, a minha experiência e os meus contactos com círculos exteriores levam-me a dizer que existem muitos aspectos positivos associados à nossa imagem no estrangeiro.

 

 A grande maioria dos nossos emigrantes, portugueses espalhados por muitos recantos do mundo, dá provas de grande capacidade e muita aplicação ao trabalho. São, além disso, gente pacífica e respeitadora das leis das terras que os acolhem. Funcionam como um bom espelho de todos nós. Por outro lado, alguns conseguiram distinção e nome, nas áreas profissionais e artísticas em que se inserem. Temos, lá fora, excelentes cientistas, gestores, académicos, quadros de alto nível e outros. E criativos de renome.

 

Mas mais ainda. Apesar da crise e dos sacríficos dos últimos anos, os portugueses que ficaram em Portugal têm dado mostras impares de resiliência e de paciência. A mensagem que transmitem para o exterior é muito clara: não nos deixamos vencer pelas dificuldades. Ou, dito de outra maneira, estamos a demonstrar que a crise não significa perder as estribeiras e cair no caos. Há crise, procuram-se soluções!

 

E este tipo de postura é muito apreciado por quem reconhece que o país tem valor. Sim, pelos amigos estrangeiros, que continuam a ter uma imagem positiva de nós. Há que não esquecer essa realidade.

 

 

Falando de emigração

O meu Pai tinha quatro irmãos. Três deles emigraram, um para a França e dois para o Brasil. Hoje, tenho primos em Portugal, na França e no Brasil. Eu próprio sou, no sentido próprio do conceito, um emigrante.

 

Assim tem sido a história de gerações de portugueses. E assim parece, agora também, ser a opção para muitos dos mais novos. Só que, dantes, partia-se para fora e passavam-se décadas sem que se voltasse à terra natal. Agora, volta-se regularmente. E com os meios de comunicação que existem - alguns sem custos, como o Skype - até parece que não se está longe. Mas a porta ali ao lado é sempre uma porta distante.

 

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