Acabo de regressar de dois dias no Leste do Chade, no sector centro, perto da fronteira sudanesa de El Geneina. É uma zona perigosa, com rebeldes do outro lado da linha de separação entre os dois países, e soldados fortemente armados e violentamente indisciplinados, deste lado e um pouco por toda a parte. Para agravar a situação, existem sérios conflitos entre a tribo que tem um homem grande em N'Djaména e as tribos locais. A tribo do senhor com poder tem objectivos de expansão territorial. Vai empurrando os habitantes tradicionais para campos de deslocados. Ficam com o controlo das terras e das pastagens. Armados até aos dentes, e com a apadrinhamento político, ousam tudo. Até se opõem às forças armadas.
A aldeia fica de fora, do lado direito. Depois de duas horas de condução nas dunas, encontra-se este povoado, com cinco ou seis famílias. Famílias extensas. Mas sobretudo feitas de velhos, mulheres e crianças, que os homens estão ao serviço das armas, o único emprego que os faz sair destas areias sem.
As árvores do wali -- curso de água temporário, que corre apenas umas horas por ano, na altura das chuvas – dão vida aos camelos e cabras, e lenha para a cozinha. E' um equilíbrio muito precário, que só funciona se houver pouca gente, hábitos de consumo muito simples, e a dimensão dos rebanhos for controlada. E' precisamente este o problema. Há cada vez mais camelos e outros ruminantes. A pressão sobre os recursos naturais está a atingir níveis insustentáveis. Mesmo nesta parte do globo!
Genuíno Madruga, um Açoriano dos grandes, esta' na sua segunda volta ao mundo como navegador solitário. Neste momento, encontra-se algures no Atlântico Sul, entre a Cidade do Cabo e a Ilha de Santa Helena.
E' um homem bom, que luta por causas maoires que o mar. Vale a pena dar-lhe apoio.