A celebração do Jubileu de Diamante de Isabel II é um sucesso enorme. Tem permitido unir os britânicos e reforçar a vontade nacional, a esperança no futuro, dar confiança aos cidadãos.
Um país precisa de se sentir orgulhoso das suas tradições. A Grã-Bretanha mostra que isso é possível e benéfico.
Sempre que vou à Suíça fico alojado a cerca de 30 km de Genebra, no Cantão de Vaud. O hotel fica à beira do Lago Léman, numa zona rural.
Existem vários restaurantes para gente exigente, nas diferentes aldeias vizinhas. As minhas deslocações incluem uns jantares oficiais. Curiosamente, as refeições são sempre acompanhadas por vinhos da região, muitas vezes mesmo da aldeia onde se situa o restaurante. Os anfitriões suíços, gente que conhece o mundo e num dos casos, grande produtor de vinho na Califórnia, não hesitam: a escolha é para uma pinga da terra.
Até aí, nada de especial. O problema é que estes vinhos do Vaud são, em geral, de fraca qualidade. Mas, mesmo assim, não há hesitações. Bebe-se, o que a terra produz. Embora os anfitriões tenham consciência que há melhor opções.
Yves Leterme, o PM belga em exercício de funções, num governo de gestão, que dura há quase um ano e meio, pediu à população que subscrevesse uma nova emissão de obrigações do tesouro. Evitar-se-ia, assim , o recurso aos mercados internacionais, que estão a penalizar a Bélgica. Apelou ao patriotismo, num país em que esse sentimento parece estar muito esfrangalhado, pediu pelo menos 200 milhões de euros de subscrições, num empréstimo a cinco anos, com uma taxa de juro de 4%.
Ontem, uma semana após o apelo, os belgas haviam comprado mais de 5 000 milhões de euros dessas novas obrigações. Ou seja, 25 vezes mais do que Leterme esperava que pudesse acontecer.
Pensar a sério no nosso futuro, sem ilusões mas com ambição.
Sair dos quadros de referência a que nos acomodámos, do facilitismo pretensamente desenrascado, da classe política que representa o imobilismo e os velhos interesses, das fronteiras que nos impusemos a nós próprios.
Desta vez, o meu texto na Visão é sobre a emigração e a integração de comunidades culturalmente muito diferentes nos países europeus.
A Europa não está habituada a viver com populações de várias origens étnicas, num mesmo espaço nacional. Mas vai ter que se habituar. O que aconteceu nos últimos 15 anos, com a chegada em grandes números de gentes vindas dos cantos mais escondidos do globo, é irreversível e vai alterar completamente o tecido humano de muitos dos estados-membros da UE. A homogeneidade étnica e cultural deixou de existir.
O que se pede é que os dirigentes políticos não explorem para fins eleitoralistas esta nova realidade social. E que não se enverede por um patriotismo mal enjorcado, populista e segregador. Esse tipo de patriotismo tem sempre levado ao desastre.
Agradeço a todos os que, de um modo ou de outro, tiveram em conta a questão que ontem trouxe à consideração de quem me segue, neste blog. Respostas certamente interessantes, muito no sentido de apoiar o primeiro tema. Assim será. Terei em conta. Mas gostaria de lembrar a importância do tópico número três, sobre a igualdade entre os homens e as mulheres. Mesmo na Europa mais avançada, é assunto ainda não resolvido. Veja-se, por exemplo, o caso do novo governo britânico. São poucas as mulheres na fotografia, em número quase sem significado, com excepção do ministério do interior, um departamento muito importante na estrutura governamental da Grã-Bretanha. David Cameron podia ter feito melhor.
Já que estou em maré de agradecimentos, queria aqui reconhecer o esforço das diferentes secções da PSP que contribuiram, com muito profissionalismo, para a segurança do Papa, durante a sua visita a Portugal. Quem está por dentro dos sistemas de segurança sabe que a PSP fez um trabalho excelente. Os riscos existiam, mas tudo correu bem. A PSP que se vê na rua é apenas uma pequena parte de uma estrutura complexa, que vive da dedicação dos seus elementos, mulheres e homens. Uma dedicação que vai muito além das parcas compensações que usufruem.
Volto a insistir no tema de ontem. Estamos a viver uma crise estrutural. É urgente reinventar a política. Os partidos precisam de assumir as suas responsabilidades e ter uma postura nacional. O sectarismo só levará a um aprofundamento da crise. É preciso definir plataformas conjuntas, pactos nacionais.
Muitos anos de poder político fraco e de lideranças indecisas levaram ao aparecimento de um clima generalizado de irresponsabilidade em Portugal. Tem-se vivido, ao longo das últimas décadas, um processo que levou à irresponsabilização da sociedade. É a filosofia do passar a bola. Quem manda não se sente responsável, não se empenha.
E o Português médio segue o exemplo. Pensa apenas nos benefícios. Nunca, nos deveres.
Estamos em Março, mal saídos do Inverno, e já aparecem incêndios florestais por toda a parte. É uma vergonha nacional, um indicador forte da incompetência dos poderes políticos, um deixar andar que tem a figura de um crime de negligência, de falta de protecção do património nacional.
Não podemos aceitar que o país continue a arder. Temos que ir à raiz do problema e ter a coragem de tomar decisões. Não aceitamos desculpas de quem não tem unhas para tocar a viola pública. Precisamos de ver executadas as medidas, que são conhecidas, que impedirão que Portugal continue a arder.
Chega de preguiças políticas, de indiferenças, de medos e de falta de consciência nacional. E de subdesenvolvimento intelectual.