O primeiro-ministro japonês, Yoshihide Suga, teve a honra de ser o primeiro líder estrangeiro convidado a visitar o presidente Joe Biden, em Washington. Este gesto tem muito significado. Mostra claramente onde se situam as prioridades internacionais do novo presidente norte-americano. Uma possível invasão de Taiwan pela China foi o tema central das discussões. Em pano de fundo, convirá notar que, esta semana, a força aérea chinesa violou 25 vezes o espaço controlado por Taiwan. Nunca tal havia acontecido, tantas vezes em apenas alguns dias. A questão de Taiwan está a tornar-se no conflito mais perigoso, para a paz internacional. Infelizmente, a ONU nada pode dizer sobre o assunto. Se abrir a boca, vai-se a reeleição ao ar.
Estive em Myanmar, entre o último post que aqui deixei e o de agora. A razão da minha estada era tentar perceber o que se passa no país e ver quais são as aberturas possíveis, em termos de resolução de alguns dos conflitos existentes nesse país.
Havia visitado Myanmar, com mais tempo, em 2015. Quatro anos depois, vi uma situação profundamente complexa e pouca paz no horizonte. Também notei progresso na frente económica.
Aung San Suu Kyi, a líder civil do país, Prémio Nobel da Paz em 1991 e Prémio Sakharov da UE em 1990, perdeu uma parte do apoio popular de que dispunha na altura, mas continua a ser, de longe, a personalidade que mais pesa na política nacional, para além dos generais. Na frente internacional, Suu Kyi está cada vez mais dependente da China e dos chineses de Hong Kong, Singapura, Taiwan ou mesmo, dos da Tailândia.
As próximas eleições gerais terão lugar em finais do próximo ano. A Comissão Eleitoral é muito frágil.
Para além das aparências, a última palavra, sobretudo em caso de crise, pertence aos chefes das Forças Armadas. Em especial ao comandante supremo, o General Sénior Min Aung Hlaing. Estabelecer um diálogo político com ele e os seus é fundamental para a resolução, passo a passo, dos inúmeros conflitos que Myanmar vive, incluindo a questão muito conhecida dos Rohingyas.