A burrice política não tem limites
Tive hoje mais uma lição sobre a burrice humana e o perigo das ideias extremistas, das loucuras políticas, dos idealismos sem pés nem cabeça, dos regimes ditatoriais que dizem promover o bem do povo e o oprimem sem dó nem piedade. Ou seja, visitei o bunker – em português há quem utilize a palavra “casamata” – que havia sido construído pelos Soviéticos para proteger, em caso de crise muito séria, os líderes comunistas que dirigiam a Letónia.
A edificação está situada no meio de uma floresta a cerca de 65 quilómetros a Leste de Riga. São dois mil metros quadrados debaixo do solo, coroados com um centro de reabilitação ao nível da superfície, para disfarçar o que está por debaixo.
Custou uma fortuna e não serviu para coisa alguma. Nunca houve nenhuma crise, nem mesmo uma catástrofe natural, que justificasse o emprego, 24 horas por dia, de 250 homens – não havia mulheres no bunker – e um consumo descomunal de gasóleo e de outros meios, absolutamente necessários para permitir que houvesse vida debaixo da terra.
Várias salas têm citações completamente abstrusas atribuídas a Lenine, coisas que ele nunca terá provavelmente dito, mas que convinha colocar sob o seu nome, para lhes dar força. E a única sala com um mínimo de espaço e de toque humano, e mesmo assim, tudo isso muito grotesco, era a que estava reservada para o secretário-geral do Partido Comunista na Letónia. Os sucessivos secretários-gerais devem ter passado, no total, tudo bem somado, três ou quatro dias nessa sala.
Tudo isto, agora, faz rir. Mas tal não era o caso, no passado recente.