A cena política é favorável aos oportunistas
Dizem os politólogos mais em voga na nossa praça que o caso Sócrates não afecta, ao nível da opinião pública, nem o partido de que foi secretário-geral nem o actual patrão do mesmo partido, o Primeiro-Ministro António Costa. Ao ver os resultados das sondagens, até parece que têm razão.
Talvez afecte, isso sim, o principal partido da oposição e todos os outros aparentados a esse. Primeiro, porque não consegue tirar vantagem de uma mancha que poderia servir como grande tema de ataque, até porque Costa e outros no poder estiveram subordinados a Sócrates, conheciam-lhe os pontos negativos e fecharam os olhos, por uma questão de oportunismo e de carreirismo. Segundo, porque ao não pegarem no assunto dão azo a que se confirme que também eles têm telhados de vidro. Por isso, calam a boca e chutam para fora.
Na realidade, há mais corrupção na nossa política do que aquilo que se pensa. Não se fala da matéria, pois haveria muita roupa suja para lavar. Certos compadres ajudam a que o assunto não apareça nas páginas públicas.
E quanto mais se sabe mais nos apercebemos que a política actual atrai sobretudo quem vê nisso uma oportunidade de subida na vida sem grande esforço, além do saber dizer que sim.