A decapitação do Estado Islâmico
O grupo terrorista Estado Islâmico anunciou hoje o nome do seu novo “Califa”, bem como do novo porta-voz. Não sabemos ainda quem se esconde por detrás dos nomes anunciados, quem são de facto essas pessoas. O tempo dirá.
Mas haverá duas verdades que convirá ter em conta.
Por um lado, nos últimos meses, muitos dos seus principais líderes foram eliminados. Chama-se a isso “decapitar” a organização, destruir o seu núcleo dirigente. O impacto dessas acções de decapitação é difícil de medir. Existem várias dissertações sobre o assunto, com conclusões divergentes. Apesar disso, deve reconhecer-se que a morte desses dirigentes deve ter abalado profundamente a organização, sobretudo nesta fase de acumulação de derrotas. Creio poder dizer, sem grandes hesitações, que a estrutura existente na Síria e na fronteira com o Iraque está bastante esfarrapada.
A outra dimensão tem que ver como as ameaças futuras. Seria um erro pensar que, depois de todos estes assassinatos, a organização deixou de ter capacidade para planear e levar a cabo atentados terroristas. O perigo continua a existir, na Síria, à volta da Síria e para além da região. Existem células clandestinas e existe um meio social e político propício a este tipo de radicalismo extremamente violento, vingativo e fanático. Por isso, a luta contra o Estado Islâmico não pode, de modo algum, ser dada como ganha.
E aqui convém lembrar que os aliados mais efectivos na prossecução desse combate são os combatentes curdos na Síria. A Europa, e não só, tem que mostrar que é fiel à aliança que precisa de manter com essas milícias curdas.