A diferença que a imaginação faz
Na minha perspectiva, um académico é diferente de um pensador. Não digo filósofo, que isso está um bocado fora de moda, pelo que uso a palavra pensador.
O académico tem a obrigação de ser objectivo, factual. Deve estudar a fundo, ler milhares e outros milhares de linhas sobre o tema que está no centro dos seus estudos e acrescentar conhecimento ao que já existe. Muitos não o conseguem fazer. Limitam-se a resumir o que outros já disseram, a repetir o que já foi foi explorado. Um bom número dos académicos que por aí andam caiem, aliás, nessa categoria de papagaios com excelentes capacidades de memorização. Dantes, chamar-lhes-ia gravadores, agora terei que dizer que são uma espécie de scanners ambulantes. Acreditam que a erudição é a mesma coisa que o conhecimento. E como há muitos tapados que também vêem a vida académica assim, acabam por ter algum reconhecimento, que é uma palavra que se pode confundir com conhecimento.
O pensador é acima de tudo um criativo. Vive no mundo da imaginação, das hipóteses, dos cenários possíveis, da prospectiva. A academia é, para ele, uma plataforma para levantar voo e nada mais. O pensador é como que uma águia que vê a vida a partir de um ponto perdido no espaço, muito alto e amplo. Mas, contrariamente à águia, não anda à caça de coelhos desprevenidos. Não liga a essas minudências. Anda, isso sim, à procura de novos horizontes, a abrir novos destinos.