A Europa e os arautos da crise
Não há motivos para uma leitura pessimista da situação política e económica da União Europeia, para além do confronto aberto com a ditadura russa. É verdade que esse confronto pode levar a um choque militar. Mas, para já, não me parece que tal venha a acontecer. As medidas tomadas contra o regime de Vladimir Putin deverão ter um impacto muito profundo, sobretudo se o embargo em matéria de petróleo for decidido. Estas medidas são a maneira moderna de combater um Estado hostil, sem qualquer recurso a uma simples bala de pistola ou bola de canhão. São eficazes, se atingirem os sectores vitais do poder do adversário. Não devem ser referidas como fazendo parte de uma guerra contra o outro lado. São sanções, às quais a outra parte pode responder, se tiver capacidade para isso, com medidas equivalentes e proporcionais. O que não é exactamente o caso da Rússia.
Mas, repito, não há razões internas que justifiquem o alarmismo e o toque a finados da democracia europeia. Já não direi o mesmo se Emmanuel Macron perder a eleição presidencial no próximo domingo. E como já aqui o escrevi, e apesar das sondagens, esta eleição é de alto risco. Quem pensa o contrário, em França ou noutras terras da Europa, não estará a ver bem o que está em jogo.