A Grécia e a Europa
A Grécia vai a eleições gerais dentro de umas semanas, porque o parlamento não conseguiu eleger o novo presidente da República.
O centro da Europa e os mercados receberam a notícia com serenidade, talvez mesmo com uma certa dose de indiferença. A Grécia é hoje vista como um caso nas margens da política europeia, sem peso político nem económico. O risco de um impasse governativo é tido, por isso, como uma questão grega e não como um problema europeu.
A possível vitória de Syriza, a coligação de extrema-esquerda que se apresenta aos eleitores como sendo contra a austeridade, deixou de fazer medo. Por várias razões. Primeiro, porque Syriza não deverá ter o número de votos suficientes para constituir governo. Segundo, porque permitiria mostrar que o núcleo duro da UE não faz concessões a partidos que saiam fora do quadro institucional estabelecido. Ou seja, Syriza seria utilizada para mandar uma mensagem forte a outros, como o movimento Podemos em Espanha. Terceiro, porque seria uma oportunidade para clarificar as relações com a Grécia e o lugar desse país no quadro europeu.
A posição que prevalece é clara: aos gregos o que é dos gregos. Se querem ir a eleições, pois bem, que o façam. Se pretendem criar uma situação de ingovernabilidade, que assim seja. Se desejam suspender o programa com a tróica, que mais se pode fazer senão aceitar?
Este é o espírito que prevalece actualmente nos círculos de poder na Europa. Parece-me importante tê-lo em conta.