A reunião do Conselho Europeu
A reunião do Conselho Europeu de ontem e de hoje mostrou maturidade e equilíbrio. Uma boa notícia, para quem se interessa pela saúde política da Europa. O tema mais complexo da agenda tinha que ver com a resposta a dar a Theresa May.
Os 27 Chefes de Estado e de Governo discutiram exaustivamente as várias opções relativas à data final de saída do Reino Unido da União Europeia. A Primeira Ministra queria um prolongamento até finais de junho. Não tinha uma justificação concreta para esse pedido, a não ser que precisava de mais três meses para resolver o que não conseguira fazer aprovar nos últimos quatro meses. Como estratégia, sabia a nada.
Na tomada de decisão, o processo teve em conta três aspectos.
Primeiro, evitar a ratoeira do ultimato. Ou seja, não dar a oportunidade nem aos deputados britânicos nem à opinião pública do país de dizer que a decisão do Conselho Europeu era uma ingerência, uma intimação. Nesta fase muito crítica do processo, a questão é um problema interno do Reino Unido. Os líderes europeus devem definir os limites, mas, simultaneamente, deixar espaço de manobra aos britânicos.
Segundo, voltar a reconhecer que uma saída negociada é, de longe, a opção preferida. Um Brexit sem acordo será sempre um péssimo Brexit.
Terceiro, respeitar a integridade das eleições europeias. Isto que dizer que tudo terá que estar claro aquando do início do processo eleitoral que levará às eleições marcadas para finais de maio.
Assim, a bola voltou a estar no campo britânico. E as balizas do jogo ficaram definidas com mais rigor. É verdade que ainda não se sabe bem como vai terminar a partida. Mas o Conselho Europeu já olha para o futuro a 27, sem contar com a presença e a participação do Reino Unido. Ninguém acredita que possa surgir uma reviravolta de todo o tamanho, que leve à anulação do Brexit. Por isso, a preocupação é a de gerir a saída com todo o cuidado possível.