Ainda sobre a política migratória da União Europeia
No meu texto de opinião de ontem, sobre a falta de coerência da política europeia de migrações, https://www.dn.pt/opiniao/a-europa-a-deriva-no-mar-das-migracoes--13473410.html, digo claramente que os países europeus não querem, de modo algum, passar novamente pela experiência que viveram em 2015, quando mais de um milhão de imigrantes e candidatos ao estatuto de refugiado chegaram em massa. Este é o grande receio europeu, no que diz respeito à imigração. Todas as medidas avulsas que vão sendo tomadas têm como objectivo evitar uma nova onda migratória. E cada país olha para a questão com base nas suas preocupações nacionais. Não há Europa, ou há muito pouco em comum, quando se trata de travar as migrações vindas de diversas partes do mundo. Por isso, a aposta continua a ser a de uma guarda costeira e fronteiriça forte bem como a ajuda às forças de polícia e militares nos países de origem dos migrantes e nos de trânsito. Aqui, a realidade é igualmente muito complexa. Os países fazem o jogo, como se estivessem a colaborar no controlo migratório, mas, na verdade, ficam satisfeitos quando vêem uma parte dos seus jovens sair à procura de um futuro melhor. As migrações são vistas por esses países como algo de positivo para as suas economias e para a estabilidade política. Assim se explica que, em geral, não colaborem com a União Europeia quando esta procura devolver aos países de origem os imigrantes que não são aceites, que não obtêm a legalização na Europa.