António Guterres em Moscovo
António Guterres passou o dia em Moscovo, para um encontro de trabalho com Sergey Lavrov e uma audiência com Vladimir Putin. À hora a que escrevo, a reunião com Putin ainda não teve lugar.
Tudo deixava prever que seria um dia difícil para o Secretário-geral da ONU. Mas não havia outra saída, para além desta deslocação. Era preciso fazê-la e iniciar, com a sua realização, um outro tipo de protagonismo para o secretariado-geral das Nações Unidas.
Guterres não parece ter conseguido nenhuma promessa concreta. Os dirigentes russos continuam a apostar na via militar. Por isso, a ideia inicial do Secretário-geral – batalhar por um cessar-fogo – não foi avante. Guterres teve apenas a oportunidade de repetir – e isso foi muito positivo – que a acção russa era uma invasão, aos olhos dos Estados-membros da ONU. E de insistir na prioridade humanitária, a de salvar vidas e evitar o sofrimento humano em larga escala.
Em resumo, continuou a associar o secretariado das Nações Unidas à dimensão humanitária. Parece-me insuficiente. Falta sublinhar a missão política que cabe ao secretariado e ao seu Secretário-geral. No entanto, no conjunto, António Guterres foi corajoso e disse claramente que a Rússia havia violado e continua a violar a Carta das Nações Unidas.